Comerciantes de Foz fazem manifestação

Representantes do comércio de Foz do Iguaçu realizam hoje, a partir das 19h, uma manifestação na Avenida Juscelino Kubitschek, nas proximidades da Praça da Paz, no centro da cidade. Essa mobilização é resultado dos prejuízos que os comerciantes estão sofrendo com o fechamento do lado paraguaio da Ponte Internacional da Amizade desde o começo da semana. Toda a população da cidade também está sendo convocada para participar da manifestação. Eles reivindicam uma posição do governo federal para pôr fim ao impasse na região da tríplice fronteira.

A realização do protesto foi definida durante uma reunião realizada na noite de terça-feira, no plenário da Câmara de Vereadores. Várias autoridades e representantes comerciais participaram do encontro.

A Receita Federal (RF) vai continuar com a "Operação Cataratas", mesmo com a posição adotada pelos manifestantes dos dois países. O fechamento da fronteira do Brasil com o Paraguai completa hoje cinco dias, e a RF informou que vai continuar evitando o aumento da entrada de mercadorias contrabandeadas no País. Nesta operação, já foram apreendidos R$ 5 milhões, informa a RF.

A estimativa é que, nestes últimos dez dias, os sacoleiros tenham deixado de comprar no Paraguai o equivalente a R$ 120 milhões. As lojas do comércio de Ciudad del Este estão fechadas. A prefeitura do município decretou, na quarta-feira, feriado de dois dias para que a população participe do protesto. Os políticos paraguaios querem que o governo brasileiro relaxe a fiscalização e aumente a cota de compras de US$ 150 para US$ 500 por pessoa. Segundo o delegado substituto da Receita Federal, Gilberto Traganssin, a operação será intensificada e todas as mercadorias compradas para comercialização terão que continuar cumprindo o que determina a lei em relação ao pagamento de impostos.

"Nessa época a repressão é muito grande, e todo mundo perde com isso. Se não é na Ponte da Amizade, é no Posto Fiscal Bom Jesus, em Medianeira. Precisamos que o governo se sensibilize com a situação, que está ficando crítica. Muita gente depende do movimento, como em outros anos", declarou o vereador Edson Mezomo, que participou da reunião de terça-feira. "Com essa mobilização talvez seja possível chamar a atenção para o caso".

Agentes do posto da Polícia Federal (PF) na ponte informaram que a situação pode piorar nos próximos dias. Existem rumores de que a partir de hoje nem mesmo os pedestres poderão passar para o lado paraguaio. Quem estiver em Ciudad del Este também será impedido de fazer a travessia. Ontem, durante um período de cinco horas na parte da tarde, menos de dez pessoas tinham atravessado a ponte, segundo a PF.

"O comércio está parado, e nenhum taxista consegue boas corridas. Ciudad del Este está parecendo uma cidade fantasma. Isso tem que ser resolvido de uma vez por todas", ressaltou o presidente do Sindicato dos Taxistas de Foz, Nilton Rocha.

Governos receberão documento

O impacto econômico que a região está sofrendo também foi discutido entre alguns representantes dos dois países, interessados com o fim do protesto na ponte. Na tarde de ontem, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), Wanderley Bertolucci Teixeira, recebeu o prefeito de Ciudad del Este, Javier Zacarías, o prefeito eleito de Foz, Paulo MacDonald, e o governador da província de Alto Paraná, no Paraguai, Gustavo Cardozo, para definir alguns detalhes sobre a Agenda 19. Esse documento foi elaborado na reunião de terça-feira e será apresentado hoje durante a mobilização.

Posteriormente, a Agenda 19 será enviada para o governo dos dois países. No documento, constam dezenove reivindicações, entre elas: a garantia do direito de ir e vir, impedindo qualquer manifestação em vias públicas, em especial na ponte, que impeça a livre circulação das pessoas; definir uma estratégia comum de desenvolvimento, que conduza a uma efetiva transformação da tríplice fronteira; reivindicar o envolvimento e comprometimento dos governos municipal, estadual e federal em projeto de desenvolvimento sustentável da região; instituir uma cota de U$ 500,00 para aquisição de mercadorias estrangeiras por turistas; instituir um Comitê Permanente de Foz do Iguaçu, negociar medidas compensatórias para Foz e para Ciudad del Este, e a revitalização da Ponte da Amizade.

Segundo o presidente da Acifi, o documento representa um grande passo para o desenvolvimento da região. Ele informou que a busca por novos investimentos e criação de novos empregos deve ser o melhor caminho para que a tríplice fronteira tenha um crescimento acelerado. (RCJ)

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