Começa a Quaresma, tempo de reflexão

O dia de hoje, Quarta-Feira de Cinzas, marca o início da Quaresma. É o período de reflexão, que dura quarenta dias, em que os católicos abrem de mão de certas atividades para pensar e preparar a morte e ress0a criação da Campanha da Fraternidade, para concretizar a conversão da Quaresma”, explica a irmã Custódia Maria Cardoso, da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição ? fundada por Santa Paulina ? e integrante da liturgia da Arquidiocese de Curitiba.

Mesmo quem não é católico sabe que o jejum de carne é uma das principais privações que se deve fazer durante a Quaresma. A freira lembra, no entanto, que o conceito do jejum mudou ao longo dos anos. “Antigamente, falava-se que a barriga cheia privava a pessoa de pensar”, lembra. “Em várias passagens da Bíblia, falava-se em jejum, mas hoje há outra conotação: é a reflexão sobre as muitas pessoas que passam fome, por isso a maioria das igrejas faz a abertura da Campanha da Fraternidade com uma peregrinação de madrugada, durante a qual as pessoas trazem o mantimento ou o dinheiro com o qual iriam comprar comida e entregam às pessoas mais pobres.”

A freira lembra, no entanto, que não é apenas o jejum de carne vermelha que basta. “Comer bacalhau que custa R$ 40,00 o quilo, por exemplo, é uma afronta”, aponta. E”Não é o deixar de comer carne, mas lembrar que a fraternidade precisa existir, e que o irmão precisa se alimentar. E também não é só deixar de comer carne, mas diminuir a comida num todo.” O jejum é feito na quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa, mas a irmã lembra que, por devoção, muitas pessoas não comem carne toda sexta-feira da Quaresma.

Além do jejum, há vários outros costumes praticados durante o período, variando a região. No norte do País, por exemplo, há o costume de não varrer a casa na Sexta-Feira Santa. “Vem da tradição bíblica do Antigo Testamento”, lembra a freira. Também há pessoas que não cortam o cabelo durante os quarenta dias. Por outro lado, há aqueles que deturpam a data e cometem algumas transgressões. “Há cidades em que é preciso tomar cuidado, porque dizem que, na Sexta-Feira Santa, como Jesus está morto, pode-se roubar galinhas, cabritos”, conta a freira.

Origem

A Quaresma teve origem no século IV, mas não se sabe ao certo qual a década precisa. No início do cristianismo, a Páscoa era celebrada todo domingo. Depois, com o tempo, passou a ser celebrada anualmente, para que os catecúmenos (novos cristãos) se preparassem para receber o batismo. A Quaresma está centrada no mistério pascal (paixão, morte e ressurreição de Cristo).

Nestes quarenta dias, a Igreja propõe aos fiéis católicos um tempo mais intenso da busca da conversão. Antigamente, a esmola, o jejum e a oração formavam o tripé da preparação para a Páscoa. Hoje a Igreja propõe que essa conversão seja voltada para a pessoa com uma perspectiva comunitária.

Em 1964, foi proposta a Campanha da Fraternidade, sempre com temas sociais. O lema deste ano é “A Fraternidade e as Pessoas Idosas. Vida, dignidade e esperança”.

Gabaon reúne cerca de 50 mil

Lyrian Saiki

Enquanto para a maioria dos jovens Carnaval é sinônimo de música e dança, regada com uma boa dose de bebida alcoólica, para outros o feriado prolongado tem um significado diferente. É o caso de jovens do movimento Renovação Carismática da Arquidiocese de Curitiba, que aproveitaram o período para também cantar, dançar e se divertir, mas de maneira sadia e seguindo a palavra de Deus.

Trata-se do Gabaon, carnaval dos carismáticos que teve início em 1990. Este ano, a estimativa é que o evento tenha reunido cerca de 50 mil pessoas durante os três dias de encontro ? de domingo até ontem ?, no Marumby Expo Center.

Sem máscaras

“O objetivo é oferecer ao jovem uma maneira diferente de ver o Carnaval. É um Carnaval sem máscaras”, explica a coordenadora da Renovação Carismática da Arquidiocese de Curitiba, Vera Lúcia da Silva Ximenes.

O tema deste ano foi “Quero ser livre para Deus”. “A verdadeira liberdade é aquela que Deus concede. A que o mundo oferece, escraviza”, diz a coordenadora. “Claro que as pessoas são livres para ir ao Carnaval, mas contanto que respeitem a si mesmas, a vida”, completa Jussara Mendes de Oliveira, integrante do conselho da Renovação Carismática.

Durante os três dias de encontro, jovens de vários pontos de Curitiba e região ouviram pregações, fizeram devoções, assistiram ao teatro, dançaram e cantaram. Ontem, a missa que encerrou o Gabaon foi celebrada pelo arcebispo metropolitano, dom Pedro Fedalto.

Paz

Para o casal Adriana de Oliveira, de 22 anos, e Eros de Castro, 22, que participam do Gabaon há quatro e três anos, respectivamente, o encontro proporciona momentos de muita alegria. “A gente sente uma paz muito grande. Acontece a conversão de várias pessoas, que largam as drogas, a bebida, para ficarem com Deus”, aponta Adriana. Ela conta que nunca participou do Carnaval tradicional e revela não sentir vontade.

Genílson Karras, 17, conta que também não trocaria o Gabaon pela folia do Carnaval. “Chamei alguns amigos para virem comigo, mas muitos foram para a praia. Eles me chamam de careta, mas não ligo”, diz.

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