Combinações de veículos de carga são arriscadas

Uma pesquisa feita em Curitiba apontou um grande risco de acidentes com combinações de veículos de cargas (CVCs), principalmente bitrens e rodotrens. Isso estaria ligado à ampliação traseira que é registrada em manobras feitas com os veículos. Além disso, nem os motoristas nem as estradas brasileiras estão preparadas para esse tipo de transporte.

O estudo é resultado da dissertação de mestrado do engenheiro mecânico Rubem Penteado Melo, que durante dois anos e meio avaliou a estabilidade lateral em conjuntos de veículos de cargas. Segundo ele, esse tipo de transporte foi liberado no País em 1998, através de uma resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Isso aconteceu pela necessidade de aumentar a capacidade de carga transportada no Brasil. Um bitrem – formado por um caminhão e duas carretas -, tem capacidade para transportar 57 toneladas. Já um rodotrem – formado por um caminhão, duas carretas e um conjunto de eixos – tem capacidade para 74 toneladas.

Segundo o engenheiro, apesar de esse tipo de transporte representar um avanço e redução de custos, não se analisou a questão de segurança. Dentro da pesquisa, Rubem Melo projetou, através de cálculos matemáticos e pesquisas sobre acidentes na imprensa, que a ampliação traseira é responsável por grande parte das ocorrências. “Isso porque a última composição, muitas vezes, não acompanha as manobras feitas pelo caminhão e acaba tombando”, explicou. Outro problema identificado na pesquisa é que os motoristas não recebem orientações específicas para conduzir esses veículos. “Aliado a isso, as nossas estradas não têm condições específicas para absorver esse tipo de transporte, nem mesmo a velocidade permitida é condizente com os veículos, pois quanto mais velocidade empregada, maior será a ampliação traseira”.

Volume

Desde a liberação, o volume de bitrens e rodotrens aumentou significativamente. De acordo com Melo, em 1999, passaram pela praça de pedágio entre Curitiba e Paranaguá 9 mil CVCs. Em 2003 esse número saltou para 270 mil. O engenheiro falou ainda que, apesar do volume ter aumentado, a arrecadação dos valores do pedágio caiu 5%. Apesar do estudo do engenheiro mecânico apontar o problema, a Polícia Rodoviária Federal não registrou um aumento significativo de acidentes envolvendo esses veículos. Desde o início do ano, foram pouco mais de 10 acidentes com bitrens e rodotrens.

Voltar ao topo