Cohab começa a relocação das famílias

A Companhia de Habitação (Cohab) de Curitiba iniciou, ontem de manhã, o processo de transferência de cinco famílias que vivem em situação de risco na ocupação conhecida como Vila Yasmin, às margens da BR-277, na divisa com São José dos Pinhais. Elas estão de mudança para lotes localizados no Jardim Iraí, nas proximidades do bolsão.

Dentro de trinta dias, a previsão é de que outras 330 famílias, num total de 1.320 pessoas, também sejam transferidas para o novo loteamento. “O processo de relocação das famílias começou há duas semanas, com a definição de lotes e preparação de documentação”, explica a presidente da Cohab, Tereza Oliveira. “A transferência é um pouco mais demorada, pois as pessoas precisam de um tempo para reconstruírem suas casas e ajeitarem suas coisas novamente.”

A Vila Yasmin fica na região de preservação do Rio Iguaçu, sempre sujeita a inundações. Segundo a Cohab, no Jardim Iraí as enchentes deixarão de ser um “fantasma” na vida das famílias. “A relocação tem o objetivo de resgatar a dignidade e a cidadania das pessoas em situação de risco. No Jardim Iraí, elas poderão viver em condições bem melhores e com maior segurança”, garante Tereza.

Parceria

A relocação, que faz parte do programa Nossa Vila, está sendo possível graças a uma parceria entre a Cohab e a iniciativa privada. Os menores lotes, de 125 metros quadrados, custarão às famílias R$ 6.500,00. A maioria delas financiará o valor em 15 anos, com prestações mensais de cerca de R$ 55,00, porém pessoas em pior situação financeira poderão fazer o financiamento por até 25 anos. Em todos os casos, a carência é de 120 dias.

As famílias não poderão vender os terrenos sem o conhecimento e a aprovação da Cohab. “Queremos evitar que as pessoas beneficiadas pelo programa vendam seus terrenos e voltem a viver em situação de risco”, esclarece Tereza.

Moradores

Os próximos dias devem ser de muito trabalho para as famílias que estão indo para o Jardim Iraí. Ontem, muitas já começavam a arrumar suas malas e a ajeitar as coisas para a mudança. As cinco primeiras famílias transferidas já iniciavam a reconstrução de suas casas no novo loteamento.

Para Sidney Rodrigues de Oliveira, atualmente desempregado, a mudança representa o fim da preocupação com as enchentes. “A minha casa na Vila Yasmin sempre alagava quando chovia forte”, conta. “Agora, espero não ter que me preocupar mais com isso. Nos próximos três meses, vou tentar arrumar um emprego para poder pagar as prestações do lote.”

O catador de papel Donatílio de Souza concorda, mas lamenta ter que deixar as coisas que construiu na Vila Yasmin e teme não poder pagar o financiamento. “Ganho muito pouco e as prestações de R$ 55,00 mensais vão ser muito pesadas para mim e minha família”, afirma. “No Jardim Iraí vou estar em um terreno que é meu, mas também não vou poder plantar alface, couve, abóbora e pepino como na Vila Yasmin. O novo lote é muito pequeno para isso.”

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