O clima gera uma série de influências sobre o comportamento humano. A conclusão é de pesquisa realizada desde 1999 pelo Departamento de Geografia e pelo Laboratório de Climatologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), sob coordenação do professor Francisco Mendonça. Trabalhos realizados em Curitiba e em outras nove cidades brasileiras de climas distintos demonstram que, em épocas de altas temperaturas, cresce o número de ações violentas, como agressões, roubos, estupros, acidentes de trânsito e mesmo homicídios.
“Coletamos dados em delegacias e obtivemos registros de óbitos em hospitais, o que nos fez chegar à conclusão de que o calor tem correlação direta com alguns tipos de crimes”, explica Francisco. “Em Curitiba, por exemplo, os índices de criminalidade são mais altos nos meses de dezembro e fevereiro, que costumam ser mais quentes.”
De acordo com ele, quando o calor entra no corpo faz com que o fluxo sangüíneo se acelere, gerando maior oxigenação cerebral. Associada a condições de vida do indivíduo, pode levar a desvios de comportamento. “As condições sociais e econômicas são as causas mais importantes da criminalidade. Porém, as altas temperaturas são tidas como potencializadoras da ação criminal.” O objetivo da pesquisa é dar subsídios à política pública de planejamento urbano das cidades, com a finalidade de minimizar a quantidade de ações criminais.