Catadora de papel leva filhos todo dia ao trabalho

Um garotinho de dois anos de idade e uma menina de oito meses, brincando e se alimentando em um carrinho de recolher papelão, chamam a atenção de quem passa pela Avenida Manoel Ribas, no bairro Mercês, em Curitiba. A mãe das crianças, Cristina Lima Rodrigues, 19, é carrinheira e conta que não tem onde deixar as crianças quando sai para trabalhar. ??Eu sei que é judiado, mas tenho que trabalhar para sustentar meus filhos”, lamenta. Ela diz que não encontra vaga na creche para as crianças.

Ganhando R$ 70,00 por semana juntamente com o marido – também carrinheiro -, ela conta que não nunca aconteceu nada com as crianças, mas não esconde o medo. ??Sei que é bastante perigoso”, reconhece. As crianças, segundo ela, a acompanham desde os dois meses de idade. O menino é carregado dentro de um caixote de plástico, na parte de trás do carrinho, enquanto a menina é levada na frente, sentada em uma cadeirinha de bebê. “Eles comem no carrinho, dormem, brincam??, diz.

A vida de Cristina não é fácil: acorda às 6h, prepara o café da manhã para as crianças e vai trabalhar. Separa os materiais recolhidos no dia anterior, faz a pesagem, prepara algo para comer e sai, por volta das 13h, da Vila das Torres em direção ao bairro Mercês, em busca de papelão e plásticos. “Chego em casa entre 8 e 9 da noite??, revela. A mãe de Cristina, Rosa Lima, de 51 anos, acompanha a filha e os netos na empreitada.

Segundo a carrinheira, ela já tentou vaga junto à creche da Vila das Torres, mas a resposta é sempre a mesma: está lotada. “Uma vez o Resgate Social (FAS) me deu uma carta e disse para eu entregar na creche para conseguir uma vaga, mas não adiantou??, lamenta.

Lista de espera

A Secretaria Municipal de Educação informou, através da assessoria de imprensa, que a creche da Vila das Torres tem vagas, mas apenas para o período noturno. Trinta e sete crianças aguardam na lista de espera. A creche tem capacidade para 200 crianças. Ao todo, Curitiba conta com 135 creches, que atendem 17,8 mil crianças. Segundo a assessoria de imprensa, todas as vagas estão ocupadas. A lista de espera é administrada pelos pais, e a intenção do secretário municipal de Educação, Paulo Afonso Schmidt, é criar 4 mil vagas para crianças de 4 a 6 anos de idade entre este ano e ano que vem. Com isso, aumentaria também o número de vagas para crianças de zero a três anos. Ainda segundo a assessoria, não consta na creche registro da carrinheira Cristina Lima Rodrigues.

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