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‘Casa do Vovô’ tem bom papo e diversão garantida

Um clube do bolinha da terceira idade funciona há cerca de 15 anos no Alto Boqueirão. Na Casa do Vovô não entram mulheres – com exceção das administradoras – nem bebidas alcoólicas. Mas a diversão dos participantes está garantida por jogos e muito bate-papo. Juntos, eles brincam, trocam experiências e espantam a tristeza que a solidão provoca. Depressão, ali, não tem vez.

Dos 220 idosos cadastrados, em média 40 frequentam diariamente a Casa do Vovô, que funciona de segunda a segunda. Entre as atividades desenvolvidas na instituição estão o jogo de bocha, sinuca, baralho, confraternizações nas datas especiais, além do encontro entre amigos. O local não serve como moradia para os velhinhos. “Eles precisam de lazer, não de um depósito de velhos. Para mim, eles são jovens, e aqui ficam à vontade para a descontração”, comenta a presidente da Casa do Vovô, Sofia Taborda Ribas. A Casa é administrada por Sofia e suas duas filhas, Indiamara e Rubiamara.

A Casa do Vovô existe há aproximadamente 15 anos. Segundo ela, o espaço era da prefeitura e foi cedido à Associação de Moradores do bairro (da qual Sofia também é presidente), que percebeu que na região havia uma demanda por opções de lazer para os idosos. “Nessa idade, se eles não estivessem aqui, estariam em casa ou no sofá ou dormindo”, afirma.

Na Casa do Vovô todos são bem recebidos. “Não importa se a pessoa tem o carro do ano ou vem a pé, aqui todo mundo é tratado como ser humano”, ressalta a presidente. “Cultivamos valores como amor, carinho e afeto;m coisas que quase não existem mais lá fora”. A convivência na Casa cria laços que ultrapassam a diversão. “Eles sabem que podem contar com a gente. Nós acompanhamos os problemas e, sempre que possível, ajudamos”, revela Sofia. “Eu não perco eles de vista. Se ficam ausentes por uns dias já vou atrás para saber o que aconteceu”, relata Indianara.

Melhorias

Felipe Rosa
Albino: forças recuperadas após depressão. Veja na galeria de fotos e no vídeo a Casa do Vovô.

Desde que começaram as atividades, segundo Sofia, o espaço nunca foi reformado. As administradoras e os velhinhos sentem a necessidade de melhorias no espaço como, por exemplo, a cobertura para a mesa de sinuca. A cozinha é pequena e Sofia gostaria de implantar um refeitório para os idosos. No entanto, a instituição não tem verbas para isso e luta por apoio do poder público.

Passatempo e amizade

Felipe Rosa
Ernesto: aqui a gente não se aborrece. Veja na galeria de fotos e no vídeo a Casa do Vovô.

O metalúrgico aposentado Ernesto Augusto Henning, 78 anos, encontrou na Casa do Vovô um espaço para fazer amizades e evitar a tristeza de passar todo o tempo em casa. “Aqui a gente não se aborrece, não fica dando cabeçada nas paredes de casa”, conta. Depois de 35 anos de trabalho pesado, a hora para Ernesto é de aproveitar. “É um passatempo muito bom, eu jogo sinuca, truco”.

Para Albino Condeotti, 96, a Casa, do Vovô teve um papel especial. Ele entrou em depressão ao perder a esposa, mas a insistência de Indianara para que continuasse a frequentar o local fez com que recuperasse as forças. Mesmo com dificuldades de audição e locomoção, ele não deixa de ir até lá para jogar bocha com os companheiros.

Ao ser questionado sobre o porquê de frequentar a Casa, o motorista aposentado Abílio Meira de Oliveira, 77, abraça Sofia e responde: “porque amo ela”. O clima de carinho e amizade por lá é evidente. Mesmo quem ainda não chegou à terceira idade frequenta a instituição. É o caso de Newton Roberto Gimenez que, aos 46 anos, diz que o local é sua segunda casa.

“A gente joga bocha, joga conversa fora. Minha família gosta que eu venha para cá”, afirma. Por trabalhar na recepção do Hospital do Trabalhador, Newton também ajuda os amigos quando é preciso. “Se acontece alguma coisa eu trago o kit de primeiros socorros”, diz.

Veja na galeria de fotos e no vídeo a Casa do Vovô.