Capital livre do lixo paulista

A multinacional francesa Essencis está impedida de comprar lixo proveniente de uma empresa de Cubatão, interior de São Paulo. A decisão é do secretário estadual do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida. Em dezembro do ano passado, a Essencis comprou 20 mil toneladas de lixo da empresa paulista, com autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Análises feitas depois que o primeiro lote do solo, com 300 toneladas, chegou ao aterro da Essencis em Araucária indicaram presença de pelo menos três produtos tóxicos proibidos de serem ?importados? de outros estados pelo Paraná. São eles o pentaclorofenol, o hexacloro de benzeno e o hexacloro de butadieno.

De acordo com a Essencis, foram feitas “mais de cinqüenta análises” e, em apenas três, foram encontrados traços do produto. “A quantidade das substâncias estava abaixo até mesmo dos padrões de verificação mais exigentes”, explicou o gerente regional da empresa Luís Renato Iurk. Ainda segundo Iurk, tais produtos não tratam-se necessariamente de resíduos agrotóxicos. “Eles podem ser derivados da indústria de madeira, da indústria têxtil”, afirmou.

“Equívoco”

Apesar da proibição da importação dos produtos pelo Conselho Ambiental do Paraná, o IAP autorizou a compra. “Houve um equívoco do IAP que liberou a empresa no começo de dezembro e no fim do ano teve de voltar atrás”, salientou o vereador Jorge Bernardi (PDT) presidente da Comissão da Câmara Municipal de Curitiba formada para investigar o caso, que ontem visitou as instalações da Essencis. Além de Bernardi, compõe a comissão os vereadores Adenival Gomes (PT), Ângelo Batista (PPB), Antônio Bueno (sem partido) e Osmar Bertoldi (PSDB). Pela decisão do secretário do Meio-Ambiente, o restante das 20 mil toneladas não poderão vir para o Paraná. No entanto, segundo Iurk, a empresa tem apenas conhecimento de uma “suspensão temporária” da operação. Ainda não há definição se as 300 toneladas serão incineradas ou levadas de volta para Cubatão. A diretoria da Essencis também não revelou o nome da empresa que vendeu o lixo e nem o valor pago por tonelada.

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