Cerca de 150 profissionais da área da saúde da Região Metropolitana de Curitiba estão desde ontem reunidos na capital para discutir propostas de ações para prevenir a gestação de alto risco e reduzir a mortalidade materna. No Paraná, em doze anos o coeficiente de mortalidade materna foi reduzido em 38%. Em 1990, este índice era de 105 mortes para 100 mil nascidos vivos. Atualmente é de 65 para cada 100 mil nascidos vivos. O Seminário “Saúde Sexual e Reprodutiva na Prevenção da Gestação de Alto Risco”, promovido pela Secretaria Estadual da Saúde, por meio do Comitê Estadual de Prevenção e Mortalidade Materna, com apoio do Comitê da 2.ª Regional de Saúde, prossegue hoje com apresentação de estudos sobre mortalidade desde o pré-natal até o pós-parto.

Em 1990, foram registrados 180 óbitos relacionados à gravidez, parto ou puerpério. Em 2001, este número caiu para 109 mulheres. No Paraná, os dados do coeficiente são mais precisos graças à investigação de óbitos de mulheres em idade fértil (12 a 49 anos) feita pelos comitês municipais e hospitalares. Segundo a assessora do Comitê, Vânia Muniz, a subnotificação corresponde a 39%. No Brasil, o coeficiente é de 57 mortes para cada 100 mil nascimentos, mas por conta dos casos sub-notificados, estima-se que o índice seja de 140 óbitos.

O objetivo é identificar quais foram as causas, para que possam ser recomendadas medidas de prevenção. “Os comitês buscam identificar patologias pré-existentes, como problemas cardíacos, de diabetes ou hipertensão, que respondem por 25,6% das mortes obstétricas indiretas”, acrescenta o presidente do Comitê, Fernando César de Oliveira Júnior, médico do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A segunda maior causa de mortes, que representa 21% do total, é a pré-eclâmpsia ou eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez); seguida de hemorragia (16%); infecção puerperal (8%); aborto (4%); e complicações anestésicas (4%).

Entre as ações para diminuir gestações de alto risco estão a realização de exames de DSTs e aids, câncer de mama e de colo de útero, acompanhamento das doenças pré-existentes e planejamento familiar.

Programas contribuem para melhorar os índices

Joseane Martins

Para que a mortalidade materna continue em queda no Paraná, a Secretaria Estadual da Saúde vem investindo em inúmeros programas. Um deles é a Rede de Proteção à Vida, criada para interligar os serviços e oferecer às gestantes e recém-nascidos um atendimento de qualidade, com pré-natal e encaminhamentos para outros níveis de assistência.

O programa capacita profissionais que atuam na área materno infantil, distribui material educativo e equipamentos para o atendimento obstétrico. “O programa reorganizou a assistência obstétrica no Estado. Hoje, todos os 48 hospitais do Paraná que fazem parte de Rede foram equipados para atender a gestante e o recém-nascido”, conta o secretário estadual da Saúde, Luiz Carlos Sobania.

O número de leitos de UTIs pediátricas e neo-natais aumentou de 33, em 1995, para 242. “Todo esse conjunto de ações conseguiu reduzir pela metade os números da mortalidade infantil no Paraná. O índice caiu de 35 óbitos por mil nascidos vivos, em 1990, para 17,4 em 2001”, diz Sobania.

A Secretaria Estadual da Saúde também investiu no Programa do Câncer Cérvico Uterino, estendido a todos os trezentos municípios do Estado.

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