Caminhão tomba e ácido fosfórico atinge dois rios

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), por intermédio de técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), acompanhou ontem os trabalhos na área atingida pelo derramamento de cerca de 16 mil litros de ácido fosfórico, na curva da Santa, BR-376, quilômetro 671, próximo a Garuva.

O acidente ocorreu por volta das 9h30 e foi provocado pelo tombamento de um caminhão da Transportadora Simonetti, que trafegava no sentido Curitiba-Joinville, provocando a interdição das pistas nos dois sentidos da BR-376 até o fim da manhã. Todo o conteúdo da carga vazou. Equipes do Corpo de Bombeiros jogaram areia nas duas pistas para absorver o produto.

O ácido fosfórico caiu numa vala e atingiu o Rio da Santa, afluente do Rio São João, que desce a Serra e passa por Garuva, desaguando na baía de Guaratuba. Por ser um produto incolor, não foi possível avaliar visualmente qual a extensão percorrida pelo ácido.

O vazamento não compromete o abastecimento de água da região porque a captação não é feita naqueles rios. Apesar disso, o IAP solicitou à Defesa Civil que alerte os agricultores e comunidade local para que não utilizem a água para qualquer finalidade.

O produto pode causar queimaduras e intoxicações pelas vias respiratórias ou através da pele, dependendo do nível de concentração. Em contato com rios existe a possibilidade de morte de peixes, animais e plantas. Os técnicos do IAP suspeitam, no entanto, que o ácido fosfórico estava diluído, pela ausência de cheiro. Até a tarde de ontem, não foram verificadas mortes no ambiente aquático.

O órgão realizou coleta de amostras de água e efluentes. Somente após os resultados e finalização dos relatórios, o IAP poderá avaliar os danos ambientais causados e aplicar multa.

Ongs não querem MST na Mata Atlântica

(AE) ? A Rede de Ongs da Mata Atlântica, formada por 257 entidades ambientalistas, entregou ontem à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um pedido para que não sejam feitos assentamentos de reforma agrária em áreas de Mata Atlântica. A preocupação deve-se a duas ocupações recentes, promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Quedas do Iguaçu, no Sudoeste, e no Pontal do Paranapanema, no Estado de São Paulo.

No Paraná, o MST quer assentar 2 mil famílias em área da empresa Araupel, onde um assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) foi o responsável, entre 1997 e 2000, pelo maior desmatamento em área contínua de Mata Atlântica dos últimos 15 anos, segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, da Fundação SOS Mata Atlântica e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram desmatados mais de 20 mil hectares de vegetação primária ou em estágio avançado de regeneração.

Miriam Prochnow, coordenadora da Rede de Ongs, disse que dos 53 mil hectares restantes do imóvel, apenas 6 mil estão ocupados com agricultura. “Além disso, 25 mil hectares são matas nativas, dos quais 5 mil hectares foram transformados em reserva particular do patrimônio natural (RPPN)”, afirmou. “No local existe, ainda, o maior reflorestamento de araucária do País, com 12 mil hectares, e 10 mil hectares de reflorestamento de pinus, ambos certificados pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC), o selo de maior credibilidade mundial do setor. A área é de extrema importância para o Sudoeste do Paraná, tanto do ponto de vista do equilíbrio hídrico e climático quando do ponto de vista da conservação da biodiversidade.”

Pontal

No Pontal do Paranapanema, a ameaça seriam as 41 famílias do acampamento da fazenda Santa Maria, vizinha à Estação Ecológica Mico-Leão Preto, um dos últimos fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual na região. Embora essas ocupação ainda não tenham resultado em novos desmatamentos, as ocupações nessas áreas devem ser revertidas antes que comprometam ainda mais os poucos remanescentes de Mata Atlântica existentes”, disse Míriam.

Para os ambientalistas, o governo federal, os governos estaduais e o Ministério Público devem garantir o cumprimento da legislação ambiental, para proteger os 3% da Mata Atlântica original, que restam nestas regiões de São Paulo e do Paraná. Além disso, querem que, nos assentamentos já implantados nestas áreas, seja feita a recuperação ambiental e abolidas práticas de novos desmatamentos e queimadas. “Não somos contra a reforma agrária e temos exemplos de projetos de ongs da própria Rede, no Pontal e na Bahia, mostrando ser possível conciliar assentamentos e preservação ambiental”, garante a coordenadora.

Garantia

Segundo o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, o governo não promoverá reforma agrária em remanescentes de Mata Atlântica. “Não serão feitos assentamentos em áreas de florestas por isso, não existe perspectiva de novos assentamentos nessas duas áreas. No entanto, o MST é um movimento social, que não está sob nosso comando, apenas fazemos apelos para que não ocupem áreas de Mata Atlântica. Impedir as ocupações é uma questão da Justiça”, disse.

O secretário informou, ainda, que será criado um grupo de trabalho, envolvendo os ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, para garantir a inserção ambiental nos assentamentos. Entre as metas do grupo estão trabalhar na linha de assentamentos florestais (extrativistas) ou em áreas já abertas, na Amazônia. “Na Mata Atlântica, porém, reforma agrária em área de floresta não se aplica. A prioridade é a preservação”, garantiu.

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