Caminhada promove a integração social

Sentir na pele como é o dia-a-dia de um deficiente. Essa foi uma das propostas da Caminhada do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, promovida ontem, em Curitiba. A jornalista Cláudia Queiroz experimentou como é andar, por alguns minutos, com uma venda nos olhos e uma bengala igual à utilizada pelos deficientes visuais. ?É muito difícil. Fico imaginando como é que eles pegam ônibus e sabem chegar até o seu destino. Mesmo com uma memória visual, a gente perde totalmente a noção de espaço quando fica sem enxergar nada. Sentir na pele é bem diferente?, afirma.  

As pessoas que passavam ontem pela Boca Maldita, centro de Curitiba, puderam ainda fazer um ?test-drive? em cadeiras de rodas, além de utilizar os equipamentos dos deficientes visuais. Esse foi o ponto final de uma grande caminhada que teve a participação de mais de quarenta entidades, entre associações e escolas, que atendem pessoas portadoras de deficiência. Elas comemoram antecipadamente, com uma grande confraternização, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, marcado para amanhã.

Cláudia Queiroz andou, por alguns minutos, com uma venda.

Mais de mil crianças, jovens e adultos com diferentes tipos de deficiência – visual, auditiva, mental e física – saíram da Praça Santos Andrade e caminharam até a Boca Maldita. No trajeto, alguns encontraram dificuldades com a arquitetura das calçadas e das passagens de nível. Cadeirantes precisaram de ajuda em determinados pontos, mas o incidente não tirou a vontade de continuar mostrando para o resto da população que os deficientes também têm vontade e que participam da sociedade ativamente.

?Não será uma caminhada fácil?, já avisava o padre Ricardo Hoepers, da Pastoral da Pessoa com Deficiência de Curitiba, antes do início da passeata. Ele explica que o objetivo da caminhada era sensibilizar o restante da população. ?Não é uma passeata de reivindicação. É para mostrar ao restante das pessoas que os deficientes estão aí e precisam ser respeitados. Queremos tirar esta idéia de que o deficiente tem que ficar trancafiado?, comenta. E esse objetivo foi alcançado. Liderados por uma banda, os participantes da caminhada atraíam os olhares de quem passava pelo centro da cidade. Muitos paravam para acompanhar os acenos e a festa que os deficientes estavam fazendo no calçadão da Rua XV de Novembro.

O presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná e do Conselho Municipal de Direito da Pessoa Portadora de Deficiência, Mauro Nardini, revelou que um dos pontos mais fortes da caminhada foi a integração entre os portadores de diversas deficiências e que são atendidos em locais diferentes. ?Também temos que mostrar que a acessibilidade é um tema universal. Uma calçada ruim, por exemplo, não prejudica somente os deficientes. Também prejudica os idosos, as gestantes, as crianças?, lembra. Além de Curitiba, portadores de deficiências também realizaram caminhadas nas cidades de Goiânia e Brasília. Hoje, é a vez de São Paulo. 

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