Verão

Calor e ‘sol torrando’ mudam rotina do comércio no litoral do Paraná

Sensação térmica em Antonina chegou na casa dos 80ºC. Foto: Aliocha Mauricio/Arquivo/Tribuna do Paraná
Sensação térmica em Antonina chegou na casa dos 80ºC. Foto: Aliocha Mauricio/Arquivo/Tribuna do Paraná

Andar por Antonina numa tarde de sol forte, sem exageros, é como andar em uma cidade fantasma. São poucos os corajosos que se arriscam a caminhar sobre os paralelepípedos da cidade litorânea sob o calorão que faz no fim de primavera – que nesta última semana bateu o recorde no ano: 43.9°C, com sensação térmica de 65,5°C. Quem sai às ruas, vai protegido debaixo de um guarda-chuva ou sombrinha ou se abriga sob as árvores da praça do trapiche. A maioria fica mesmo reclusa em casa ou no comércio, no caso de quem precisa trabalhar.

Muitos comerciantes, aliás, alteraram o horário de funcionamento das lojas para atender o consumidor que foge do sol sempre que é possível. Numa rede de supermercados local, que tem três lojas em Antonina, uma em Guaraqueçaba e três em Paranaguá, o horário de funcionamento foi estendido no fim do expediente. Em vez de fechar às 20h, como de costume, as unidades agora fecham às 21h, algumas ficam até as 23h e, no caso de uma das lojas de Paranaguá, fecha à meia-noite.

“É muito quente! Agora mesmo o sol está torrando lá fora. Não dá nem vontade de sair daqui de dentro”, comenta a auxiliar-administrativa Thais Cristina da Silva Alves, que trabalha em uma das lojas da rede em Antonina. Segundo ela, das 13h às 17h, o movimento de clientes é muito baixo e só melhora depois das 17h, quando o sol baixa. A reportagem visitou uma das unidades do supermercado na última quinta-feira (13), por volta das 15h. Havia uns 10 funcionários no local e apenas duas clientes.

Uma delas era a aposentada Bese Santos Cordeiro. Ela conta que só foi no mercado nesse horário porque precisava ir a Paranaguá e resolveu antecipar as compras. “Eu costumo vir só depois das 16h. Normalmente eu prefiro ficar em casa à tarde, só no ventilador”, diverte-se. Entre outras coisas, Bese veio comprar gelatina, uma das guloseimas que a ajudam a espantar o calor.

Em outro supermercado, encontramos mais um antoninense desafiando o calor. Seu Odilon Mello, que já morou em Curitiba, diz que está acostumado com as temperaturas do Litoral, mas que não é fácil encarar o mormaço. “Eu estou aqui nesse horário porque vim de carro. A cidade é pequena e a gente chega rápido, mas eu evito ficar debaixo do sol”, revela. Para se refrescar em casa, ele conta que toma muita água gelada e se banha no chuveiro de praia que instalou no quintal.

Sol a pino

A empresária Andréa Aparecida Lisboa, proprietária de uma loja de roupas em Antonina, explica que o movimento nestas tardes quentes do Litoral cai 40%. “Começa a aumentar só no final da tarde, depois da chuva, quando tempo fica mais fresco”, diz. Ela também mudou o horário de fechamento da loja, estendendo das 18h para as 19h, conforme o movimento. “Com o calor, as pessoas acabam ficando em casa ou então vão tomar banho de rio”, explica.

Para quem trabalha no comércio, a situação também não é fácil. Leanderson Martins Ferreira, subgerente de um mercado de Antonina, conta que os funcionários precisam se refugiar na loja para fugir do sol. Ainda assim, não conseguem escapar do calorão. “O umidificador aqui tem que ficar ligado o dia todo, com mais três ar-condicionados. Mesmo assim, não adianta”, afirma.

O curitibano Alexandre Maia, que tem um restaurante em Antonina, conta que ainda não se adaptou ao calor da cidade. “Desde que vim para cá, há 3 anos, nunca usei uma blusa aqui. No verão, então, não tem como aguentar esse calor”, diz, limpando mais uma gota de suor que escorre da testa. Ele afirma que o movimento cai uns 20% no horário de almoço por causa das altas temperaturas.

Intoxicação, diarreia e mal-estar

No Hospital Doutor Silvio Bittencourt Linhares e nas sete unidades de saúde de Antonina, os atendimentos de saúde relacionados ao calorão aumentaram nos últimos dias, conforme revela o secretário de saúde do município, Odileno Garcia Toledo. Somente no hospital, na quarta e quinta da semana passada, 18 pessoas foram atendidas por queixas relacionadas ao calor. A maioria por diarreia e intoxicação alimentar. “As pessoas acabam comendo comida deixada fora da geladeira, que estraga mais rápido com esse calor”, explica o secretário. Os idosos lideram os atendimentos.

Outra preocupação da cidade é com a dengue, que em 2016 atingiu muita gente na região. A prefeitura tem trabalhado para prevenir novos casos da doença, orientando a população para não deixar no quintal objetos que acumulem água da chuva.

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