Lucimar do Carmo / O Estado do Paraná
Alguns estabelecimentos ainda
confiam no “fio do bigode”.

Os estabelecimentos comerciais estão adotando sistemas cada vez mais modernos de cobrança. Entretanto, existem em Curitiba pequenos mercados e armazéns que ainda utilizam a velha caderneta para anotar as dívidas de seus clientes, que adquirem mercadorias ao longo dos dias e geralmente pagam no final de cada mês.

Desde que começou a funcionar, há oito anos, o minimercado Triunfo, localizado no bairro Uberaba, utiliza a caderneta. Atualmente, trinta clientes, todos moradores próximos ao estabelecimento, utilizam o sistema. “Dificilmente levo algum calote dos clientes que têm dívidas em caderneta. Isto prova que, apesar de tudo, ainda existem pessoas honestas e de confiança, pois o sistema não oferece segurança alguma ao comerciante”, comenta o proprietário, Márcio Allenbrandt. “Geralmente tenho mais problemas com cheques do que com a caderneta.”

Outro que ainda utiliza o sistema é o armazém Santa Ana, localizado na Avenida Senador Salgado Filho. Fundado em 1934, o estabelecimento é hoje comandado pela terceira geração de uma mesma família de imigrantes ucranianos. Antigamente, todos os clientes do local possuíam uma caderneta. Hoje, apenas dez ainda compram pelo sistema.

“Quando meu avô fundou o armazém, todos os clientes eram conhecidos e dificilmente alguém deixava de pagar suas dívidas”, conta a atual proprietária do Santa Ana, Ana Szpak. “Atualmente, não temos como conhecer a todos. Por isso, só fornecemos caderneta a vizinhos, compradores muito antigos e pessoas que sabemos que são de total confiança.”

Artigo raros

Além da caderneta, o armazém Santa Ana ainda preserva outras características típicas de 70 anos atrás. No local, ainda são vendidos lampiões, gamelas de madeira, chapéus de palha, penicos, moedores de café e ferramentas, como enxadas, ancinhos e foices. O lugar é considerado histórico na capital paranaense, atraindo curiosos e mesmo turistas: “Algumas pessoas visitam o armazém apenas para mostrar a filhos e netos objetos que eram utilizados por seus antepassados”, revela a proprietária.

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