Cerca de 840 milhões de pessoas no mundo passam fome. O dado é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que prevê que seriam necessários recursos na ordem de US$ 24 bilhões por ano para reduzir em 50% a fome mundial até 2015. Apesar da meta de redução ter sido aceita por 186 países durante um evento mundial da FAO em 1996, muito pouco se avançou até hoje. A proposta inicial era reduzir a fome de 22 milhões de pessoas por ano, mas se alcançou apenas 2,5 milhões.

Mesmo estando os resultados aquém das expectativas, alguns países como o Brasil e China vêm se destacando nesse setor. A afirmação é do representante da FAO no Brasil, José Tubino. Segundo ele, outras regiões, como a África e países da América Latina não conseguiram um melhor desempenho, ou até despencaram em ações que vinham dando certo. “Um desses exemplos foi a Argentina, que tinha um dos melhores programas nutricionais, que foi afetado pelas crises econômicas”, disse.

Para Tubino, a falta de vontade e compromisso político, aliado a não cooperação dos países desenvolvidos, foram os principais motivos para a estagnação nas metas de redução da fome mundial. Ele destaca que algumas ações começam a surgir como exemplos que podem dar certo. É o caso do programa Fome Zero, lançado pelo governo federal. “Ele é coerente e está de acordo com as propostas da cúpula mundial”, disse o representante da FAO. Segundo Tubino, o Fome Zero prioriza a redução da fome, e atua de forma emergencial e estrutural, mas para ser realmente eficiente “precisa criar ações de promoção ao emprego, renda e melhoria da qualidade de vida”.

Segurança alimentar

O representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação esteve ontem em Curitiba participando do 1.º Encontro Estadual do Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Fesan). No evento foram discutidas propostas para o Fome Zero e políticas públicas de segurança alimentar que podem ser implementadas no Estado. De acordo com o representante da Rede Evangélica Paranaense de Assistência Social, Werner Fuchs, o evento também serviu para preparar propostas que serão levadas para a Conferência Nacional, que acontece em março, em Pernambuco.

Segundo Fuchs, o Paraná tem cerca de 25% da população vivendo com menos de meio salário mínimo per capta. Para esse público, destaca, já estão sendo desenvolvidas algumas ações, tanto governamentais como por entidades civis, com o objetivo de melhorar as condições de vida dessa população. Ele citou o programa de distribuição de leite, e a criação de cozinhas comunitárias, que foram adquiridas com recursos de doações da população nas contas de energia elétrica.

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