Brasil investe pouco em ciência e tecnologia

O Brasil ainda investe pouco em ciência e tecnologia: menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Os países de primeiro mundo aplicam entre 4% e 6%. A necessidade de mais dinheiro está relacionada com o futuro na área. Esse foi um dos assuntos discutidos ontem na 1.ª Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento termina hoje, no campus do Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná, com atividades em grupos de trabalho.

De acordo com Paulo Afonso Bracarense, diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, um dos objetivos é realizar uma prospecção a fim de preparar o Brasil para daqui a 20 anos: “Um país, para ter desenvolvimento, precisa construir infra-estrutura e inteligência. Isso só é possível com uma independência tecnológica”, avalia. “Nós temos muito destaque na ciência, mas ela não é transformada em tecnologia. Muitas máquinas e equipamentos são importados e poderiam ser produzidos aqui.”

Outro efeito seria a realização da inclusão social por meio da ciência. Um exemplo que ele cita é o coco do babaçu, uma planta existente no Nordeste. Seu óleo serve como combustível e matéria-prima para cosméticos. “As trabalhadoras quebram o coco, obtêm o óleo e fazem um sabonete que custa R$ 0,15. O mesmo material é exportado para a França, que produz pequenos frascos de perfumes vendidos a US$ 6. O desenvolvimento nessas áreas pode trazer mais recursos e gerar inclusão”, comenta.

Bracarense conta que o segmento de ciência e tecnologia nunca passou por um planejamento estratégico. “A prospecção só existia na área econômica. Estamos buscando esse planejamento para que algumas áreas se abram e gerem desenvolvimento”, explica. “O investimento não pode ser feito apenas pelo governo. A sociedade e as empresas também precisam ajudar”, comenta o diretor.

Inovação

Outro assunto discutido na conferência foi a nova lei de inovação, que está sendo debatida na Câmara dos Deputados. “Ela vai regulamentar e normatizar as novas pesquisas e produções tecnológicas, o direito de patente e as parcerias entre os setores público e privado”, aponta Ricardo Costa de Oliveira, coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). De acordo com ele, ao final da conferência será feito um documento com propostas a serem encaminhadas para o órgão.

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