Bons alunos vão para o México e para o Pará

Os jovens talentos do programa Bom Aluno conquistam cada vez mais espaço, inclusive no exterior e em instituições como o reputado Museu Goeldi: enquanto Eduardo Frozza, de 20 anos, conclui estágio técnico de engenharia química numa empresa de águas no México, Ana Caroline de Lima, 23, já formada em Biologia pela PUCPR, embarca hoje para Belém do Pará, onde por um ano desenvolverá estudo de avaliação da incidência e comportamento de répteis (serpentes e lagartos) na Floresta Nacional de Caxiuanã, área de 200 mil hectares localizada na região central paraense.

A curiosa paixão de Ana pelos répteis vem de seu estágio no Museu de História Natural de Curitiba, onde atua até hoje como voluntária. “Estou ansiosa para começar a pesquisa porque no Pará existem muito mais répteis, que preferem o clima quente”, conta. Para desenvolver o projeto, no Museu Paraense Emílio Goeldi, Ana ganhou uma bolsa do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Ela credita ao apoio do Bom Aluno o seu sucesso nos estudos, mesmo depois de formada. “Acho que, se não fosse o programa, eu nem teria entrado na faculdade”, afirma. “Aprendi a ter mais responsabilidade e a me preocupar com os outros.”

A experiência de ficar longe da família também não assusta: “Participei da primeira turma do Bom Aluno que viajou aos EUA, para estudar inglês em Huntington, Pensilvânia, com outros cinco colegas”, conclui.

Tampico

Eduardo, que se notabilizou como o primeiro classificado em todos os vestibulares da UFPR em 2000, estará até dia 22 de julho estagiando numa engarrafadora de água em Tampico, principal cidade da região portuária e pólo industrial-petroquímico do estado de Tamaulipas, no Golfo do México, a 550 km da capital do país. “A experiência está valendo muito não só pelo aspecto profissional, mas também pelo contato com a rica cultura de um povo que preza seus antepassados astecas”, relata. Ele pretende ficar no México até o fim do mês, em férias, antes de voltar a Curitiba para retomar os estudos e formar-se engenheiro químico ano que vem.

Estudar no exterior é uma das possibilidades abertas aos participantes do Bom Aluno, dos quais 106 estão na Universidade, atualmente, depois de “adotados” entre os melhores estudantes da quinta a oitava séries em escolas públicas. O programa foi criado em 1993 pelos empresários paranaenses Luiz Bonacin e Francisco Simeão, para oferecer a jovens estudiosos de baixa renda a possibilidade de desenvolver suas capacidade e habilidades. Selecionados na rede pública de ensino, eles recebem do Bom Aluno bolsas de estudo, assistência psico-pedagógica, aulas de línguas, computação e reforço escolar. Cuidado que já levou à universidade a totalidade de seus integrantes que prestaram vestibular, havendo nove formados, como Ana.

Todos recebem, entre outros suportes que nem as famílias nem a rede pública poderiam oferecer, cursos de línguas estrangeiras, geralmente inglês e espanhol. No caso de Eduardo, essa base foi fundamental. “Com relação ao idioma, já percebo uma grande melhora”, garante. “Quando cheguei, tinha dificuldade para entender as pessoas. Agora já está mais fácil. Além disso, pratico em todos os aspectos: escrevo relatórios, participo de reuniões, falo ao telefone, ouço música, assisto a palestras, vejo televisão, leio jornal, bato papo etc. É uma diversidade de exercícios que não se encontra numa sala de aula.”

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