Bom português, diferencial no emprego

O domínio de uma língua estrangeira costuma ser exigência de grandes empresas na hora de contratar um novo funcionário. O que poucas pessoas se dão conta é de que, mais importante do que falar fluentemente outro idioma, é fundamental dominar bem a língua portuguesa. É aí que muitos bons profissionais podem ser eliminados na disputa de uma vaga.

“A língua portuguesa tem peso fundamental hoje. As empresas estão se atentando a buscar profissionais que saibam se expressar bem”, aponta o especialista em marketing pessoal Alexander Baer. “Qualquer pessoa que represente uma empresa, marca ou imagem e fale errado dá margem para que os outros pensem: como será a empresa? Isso traz uma imagem negativa”, completa.

De acordo com Baer, expressar-se corretamente é tão importante quanto a postura e a aparência do candidato a novo emprego. “É um fator eliminatório. O futuro cliente vai ter a imagem do vendedor como a extensão da empresa, e por isso ele tem que falar e escrever corretamente.”

Para quem já está habituado a ?assassinar? a língua portuguesa e não consegue mudar, Baer lembra que o problema tem solução. “O profissional tem que investir no valor de sua marca, com cursos de oratória, português, gramática. É tudo questão de técnica”, acredita. Segundo ele, até vícios de linguagem podem ser eliminados através de cursos de aperfeiçoamento. Ele lembra, no entanto, que não adianta falar bem e escrever errado.

“O segredo está no hábito da leitura. E o aspecto positivo é que o brasileiro está adquirindo cada vez mais este hábito”, diz.

Desleixo

Para a diretora-geral da área de Letras da PUCPR, professora Marta Costa, que leciona literatura há 38 anos, o que existe é o excesso de desleixo. “As pessoas têm consciência de que falam ou escrevem errado e que devem melhorar. Mas há uma acomodação na idéia de comunicação. É a tendência da lei do menor esforço”, lamenta.

Para ela, o bom falante é aquele capaz de se comunicar em qualquer grupo social, desde informalmente em um churrasco com os amigos até uma conversa com autoridades. Com relação à escrita, ela acredita que vem piorando muito, “não apenas em se tratando de ortografia, gramática, mas de concatenação de idéias.” “Existem buracos em textos impossíveis de se completar. São idéias sem ligação, sem sentido.”

Assim como o especialista em marketing pessoal Alexander Baer, Marta Costa acredita que o segredo do domínio da língua portuguesa está na leitura. “Como costuma dizer o professor da USP Sírio Possenti, um dos mais respeitados da área, a leitura é o ponto de partida e não a gramática”, diz. “Antes, se pensava que a gramática fosse o caminho para se aprender a escrever. Mas o tempo mostrou que um texto também é avaliado pela coerência, coesão, e não apenas pelas normas de regência, concordância, ortografia.”

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