Com reação em cadeia, as dezenas de interdições nas rodovias do Paraná afetam o setor produtivo e de distribuição, com impacto crescente sobre o comércio. Além dos postos de combustíveis, que já esgotaram seus estoques, sem previsão reabastecimento, supermercados e açougues começam a ficar sem alimentos e fornecedores se preocupam com cargas presas nos pontos de bloqueio.

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Ontem, o número de bloqueios registrados nas estradas do Paraná chegou a 41. Os caminhoneiros protestam contra o preço do óleo diesel, as tarifas de pedágio e pedem a implantação de uma tabela nacional de fretes, a prorrogação de parcelas de financiamento de caminhões junto ao BNDES e a redução da jornada de trabalho da categoria.

No setor de distribuição de combustíveis, depois dos postos de serviço, que desde o fim de semana viram seus estoques esgotarem com filas de motoristas, a greve começa a afetar também o abastecimento de clientes industriais e agrícolas em regiões do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), a entidade tem feito contato com as agências reguladoras e órgãos de segurança pública para pedir suporte à liberação de caminhões para o bastecimento destas regiões.

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No Paraná, a situação é mais grave nas regiões de Maringá, Francisco Beltrão e Pato Branco, onde alguns postos já cobram R$ 7 pelo litro da gasolina. Se os bloqueios continuarem, o desabastecimento pode atingir os postos de Curitiba nos próximos dias. Ontem, um dos bloqueios fechou a BR-476, em frente à refinaria Repar, em Araucária.

Supermercados

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Segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), filiados de Francisco Beltrão, Pato Branco, Maringá e Foz do Iguaçu em menor proporção, já comunicaram a falta de produtos nas prateleiras e estão praticamente sem produtos hortifrúti, que dependem de abastecimento diário.

Segundo o superintendente da entidade Valmor Rovaris, empresários reportam problemas com caminhões refrigerados presos nos bloqueios. Dependentes de energia elétrica para manter a refrigeração por mais de 18 horas, os caminhões não conseguem chegar aos postos e podem ter toda a carga perdida. “As paralisações vão prejudicar ainda mais a economia, que é justamente a causa dos problemas contra os quais os caminhoneiros protestam, o que pode tornar o movimento prejudicial a eles mesmos”, diz.

Na Justiça

A Justiça Federa determinou, na tarde de ontem, a liberação de todas as rodovias bloqueadas em Minas Gerais e de três estradas ocupadas no Rio Grande do Sul. Os pedidos foram feitos na segunda-feira pela Advocacia-Geral da União, que entrou com ações em mais cinco Estados (Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina).

Paradas

A JBS informou ontem que vai parar oito unidades de carnes devido ao bloqueio de estradas por caminhoneiros, que afeta a entrega de ração para as criações e também de insumos industriais, como embalagens. No Paraná, são afetadas as unidades de Jaguapitã (PR) e Campo Mourão (PR). A JBS não informou sobre quanto tempo as unidades ficarão fechadas.