Um grande número de pessoas foi ontem até o bairro das Mercês, em Curitiba, para a tradicional bênção dos carros realizada pelos frades capuchinhos da Paróquia Nossa Senhora das Mercês. A iniciativa, que começou como uma superstição, virou uma tradição na primeira sexta-feira do ano. A estimativa era de que 30 mil motoristas passassem pelo local até as 21h de ontem, e outras duas mil pessoas participassem das oito missas realizadas na igreja ao longo do dia.
Segundo o pároco da igreja, frei Alvadi Marmentini, para muitos a sexta-feira tinha uma conotação de mau agouro e, por isso, pediam aos capuchinhos uma bênção especial, principalmente se iriam viajar. ?E isso foi se repetindo. Agora, na primeira sexta-feira do ano, eles vêm aqui para pedir proteção?, conta – apesar de a igreja manter um frade de plantão o ano todo para a bênção. Mas o frade alerta que, se o motorista não dirigir com cuidado ou desrespeitar as leis de trânsito, ?não há benção que resista, pois ela não é mágica, somente uma forma de fortificar a fé?.
O ritual da bênção dos carros aconteceu na Avenida Manoel Ribas e também nas ruas Tenente João Gomes da Silva, Alcides Munhoz e Júlio Perneta, que ficam nas imediações da igreja. Para organizar o trânsito na região, cerca de 35 agentes da Diretran se revezaram no local.
O mesmo aconteceu com ao capuchinhos. Ao todo, trinta frades realizaram a bênção ao longo do dia e foi preciso chamar ?reforços? para atender a demanda. É o caso do frei Henrique Arguilar Filho, que veio da Província do Brasil Central, do Tocantins, para ajudar no trabalho. ?Existe uma predisposição das pessoas em buscar a proteção. E nós estamos aqui para cumprir esse papel?, afirmou.
O representante comercial Luiz Carlos Ferst afirma que vai à igreja com freqüência para pedir a bênção e, ontem, não poderia faltar. ?Eu venho sempre, até porque viajo muito e peço a Deus que me acompanhe?, falou.
A engenheira florestal Solange Zabagria também passou pela igreja, pois acredita que terá mais proteção ao volante. ?Eu tenho muita fé na bênção dos capuchinhos?, garantiu. Mas não foram só motoristas de veículos motorizados que foram participar da bênção.
O catador de papel Juliano Selestino Teixeira também entrou na fila com sua carroça para ser benzida, e trouxe a esposa e filhos. ?Eu venho aqui direto, pois preciso muito da proteção de Deus?, finalizou.