Os pet shops que ainda não possuem câmeras de monitoramento, bem como instalações com transparência para que clientes observem a execução dos serviços de banho e tosa de animais domésticos, terão dois anos para se adaptar ao projeto de lei 539/12, aprovado em segunda discussão pela Assembleia Legislativa do Paraná na última segunda-feira. Segundo os estabelecimentos consultados pela Tribuna, o projeto aprovado por unanimidade pode alterar os custos dos serviços oferecidos, já que a margem é bastante apertada. Mas o preço do serviço não será a única consequência direta da medida. Profissionais dizem que serão mais seletivos na escolha dos animais atendidos.

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O esteticista canino da Bia e Nina Centro de Estética, Roberto De Paula, que há 22 anos trabalha com o serviço de tosa especializada, avalia que o projeto tem um fundo eleitoreiro e mostra total desconhecimento da atividade. “O autor (deputado Rasca Rodrigues) é ligado ao meio ambiente, mas não ouviu quem trabalha com os animais. Eu adoro cachorros, mas há momentos que é necessário segurar mais firme ou amarrar as patas para fazer o serviço. Mas é o tipo de coisa que pode ser mal interpretada por quem está assistindo”, argumenta. “Tenho algumas cicatrizes de mordidas que ocorrem acidentalmente. E cada acidente faz você parar de trabalhar por pelo menos três dias, ou seja, não dá para deixar o animal fazer o que quiser, fora o risco para o profissional”, comenta.

Ele também reconhece que ninguém está livre de algum acidente. “Até mesmo o dono pode acabar cortando o animal se ele se mexer inesperadamente durante a tosa”, admite. Segundo o profissional, para se enquadrar nas novas exigências ele passará a ser ainda mais seletivo nos trabalhos. “Cachorros mimados, tratados como ser humano, já são rejeitados porque não têm respeito nem pelo dono. Como não quero problemas e não sou adepto a dopar animais para trabalhar, porque isso sim é grave, vou ser ainda mais criterioso nos serviços que aceito”, afirma. Segundo ele, mesmo rejeitando clientes, ele atende em média 40 cachorros por semana.

Outros pet shops, que não quiseram se identificar, informaram que não existem problemas na “transparência” do serviço, mas uma postura firme por vezes é necessária. Também reconheceram que o investimento poderá ser repassado para o cliente.

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