Se beber, não dirija

Baladas usam criatividade para recuperar a clientela

A nova “Lei Seca” no trânsito, em vigor desde o início do ano, obriga donos de bares e restaurantes a exercitar a criatividade para reduzir a perda de clientes. Convênio com centrais de táxi, vagas em estacionamento, prêmios para o motorista da rodada… Em Curitiba, já existe até casa noturna que leva o cliente que tomou algumas doses de volta para casa, sem cobrar nada a mais por isso.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), o faturamento do setor caiu cerca de 30% em Curitiba desde a implantação da tolerância zero à mistura de álcool com direção. Público que se conscientizou sobre os perigos de dirigir embriagado ou se assustou com a fiscalização reforçada, já que o número de exames de bafômetro aplicados subiu quase 300% e as prisões de motoristas alcoolizados cresceram 58% , enquanto a quantidade de mortes caiu 37%, segundo o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). De janeiro a agosto, foram 765 prisões por embriaguez – contra 483 em igual período de 2012 – e 130 óbitos – contra 207 no ano passado.

Para tentar reduzir o prejuízo, o bar Layout 80, no Rebouças, optou por um investimento arriscado, mas que está dando resultado. Desde outubro, a casa oferece, nas sextas-feiras e sábados, o serviço “Volta Segura”. São duas vans com capacidade para sete pessoas, que levam os clientes até a porta de casa, em qualquer lugar da cidade, sem cobrar nenhuma taxa extra.

“Eu tinha perdido 35% da clientela e já consegui recuperar uns 15%”, calcula o proprietário do bar, Marcos Pereira. Segundo ele, a procura tem sido grande e o serviço está ajudando a criar uma freguesia fiel. “O investimento foi alto, mas já estou tendo retorno”, afirma.

Para utilizar o “Volta Segura”, o cliente precisa ter um cartão de fidelidade do bar. Para isso, basta preencher um cadastro, que pode ser feito inclusive para quem vai ao local pela primeira vez. Na hora de ir embora, é só solicitar o serviço e, nas horas de maior movimento, entre as duas e três da manhã, esperar que a van esteja lotada de fregueses que vão para a mesma região.

“Se juntar um grupo a partir de quatro pessoas, nós também vamos buscá-las em casa”, diz Marcos, que já planeja expandir o serviço. “Minha ideia é aumentar a frota. Acredito que até metade do ano que vem, menos de 50% dos frequentadores virão ao bar de carro”, projeta.