Bala perdida provoca drama familiar sem fim

Uma bala perdida mudou por completo a vida de uma família moradora do Tatuquara, zona sul de Curitiba. No último dia 21 de janeiro, Viviane Aparecida da Silva Rosa, de 21 anos, grávida de nove meses foi comprar o enxoval para a criança que nasceria no dia seguinte.

Acompanhada do marido e do pai num Corcel, ela chegou, por volta de 18h, a sua casa, na Rua Ignez Souza Soares, quando ocorria um tiroteio entre traficantes e policiais militares. Assustada, Viviane tentou sair correndo do carro e entrar em casa. Foi seu erro. Uma bala a atingiu e acabou tirando sua vida. Médicos conseguiram fazer uma cesariana e salvaram Liliane Vitória Rosa do Nascimento. Mas a menina, que hoje tem cinco meses, nasceu com paralisia cerebral e vive a maior parte do tempo internada.

João Nildo da Silva Rosa, pai de Viviane, que dirigia o carro quando aconteceu o crime, diz ter certeza que a bala que atingiu sua filha veio pelas costas, supostamente disparada por um policial. “Lembro claramente. Segurei meu genro, que estava no banco da frente, mas a Viviane, talvez assustada e querendo proteger sua filha, saiu correndo para dentro de casa e acabou baleada”, contou revoltado, destacando que ninguém tomou providências quanto à situação e que sua família não obteve informações sobre o inquérito da PM.

A mulher de João, Orilda da Silva Rosa, contou as dificuldades pelas quais a família passa para cuidar de Liliane. Ela lembrou que dois meses após o acidente, seu genro, marido de Viviane, também morreu – de outra causa, sem relação com a troca de tiros. “Desde então tivemos que cuidar da minha neta sozinhos. Vendemos até o carro para poder comprar equipamentos para a saúde dela”, afirmou Orilda. Ela lembrou que sua neta tem dificuldades para respirar , portanto, necessita de um tubo de oxigênio. “Queremos que alguém nos ajude e que o responsável pela morte de minha filha seja responsabilizado”, disse, destacando que João é pedreiro e ganha apenas R$ 400,00 mensais para sustentar sete filhos.

O tenente Leandro Tonial, escrivão do inquérito instalado no 13.º Batalhão, afirmou que o laudo expedido pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil apontou fortes indícios de que a bala que atingiu Viviane partiu da arma do traficante e não de um policial como acusa a família. “Pelo laudo, o projetil entrou pela região do peitoral e saiu pelas costas, ficando evidenciado que o tiro veio de alguém que estava na frente da moça, o traficante”, explicou. Ele destacou que a auditoria militar encaminhou o processo à Justiça comum. Enquanto isso, os policiais envolvidos continuam trabalhando normalmente.

Voltar ao topo