Baixo índice de infiéis na capital divide opiniões

De acordo com o Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (EVSB), realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenado pela psiquiatra e professora Carmita Abdo, 52% dos homens e 22% das mulheres do País já traíram pelo menos uma vez. No Paraná os números ficaram abaixo da média: pela pesquisa, 42,8% dos homens e 19,3% das mulheres paranaenses já traíram. A pesquisa, divulgada no começo do mês e realizada com 7.103 pessoas entre 18 e 80 anos em dezessete cidades brasileiras, aponta os paranaenses com os menores índices de infidelidade entre os estados que participaram da entrevista.

A pesquisa se baseou em dados coletados por questionários distribuídos entre novembro de 2002 e fevereiro de 2003. O estudo, segundo Carmita, foi realizado para avaliar a vida sexual dos brasileiros. Os questionários foram divididos meio a meio (50%) entre homens e mulheres.

“Os resultados mostraram que os paranaenses traem menos, mas não fogem da regra de que a cada ano esse número aumenta. A diferença dos homens baianos, que foram os primeiros da lista (64%) para os paranaenses (42,8%) fica em torno de apenas 20%pontos percentuais. E, no caso das mulheres, é a mesma coisa. A diferença das cariocas (34,8%) para as paranaenses (19,3%) fica aproximadamente em 15,5 pontos. O Paraná é o Estado com menor índice de traição, mas mesmo assim o número continua crescendo”, afirma Carmita.

A professora ainda salienta os problemas que acabam atrapalhando o bom andamento de uma relação. “Os dados da pesquisa apontaram que 50,9% das mulheres têm um ou mais problemas sexuais ou falta de desejo. Dos homens, 48% sofrem de disfunção erétil e ejaculação precoce. Então, esse problemas atrapalham e muito em um relacionamento. Muitas pessoas acabam procurando outro parceiro para realizar os desejos sexuais”, completa.

Em Curitiba

A reportagem de O Estado foi às ruas para saber a opinião dos curitibanos. Parte dos entrevistados tirou conclusões opostas sobre os resultados finais da pesquisa. Ana Karina, de 15 anos, não concordou. “Acho que é um assunto muito abrangente. Eu mesma já traí o meu ex-namorado. Não dá para se basear apenas em alguns dados”, afirma.

“Tenho casos na minha família, e conheço várias pessoas que traem. Não é uma coisa que aconteça somente em um lugar. Pode variar um pouco, mas acho que a grande maioria já traiu alguma vez. O negócio é que muita gente não admite que já traiu”, diz Leda Maria, 25.

Para Augusto Gauglitz, 27, a pesquisa não aponta realmente o que acontece. “Sei de alguns casos de traição e acho que não dá para se basear apenas na participação de um número pequeno de entrevistados. É difícil concordar com a pesquisa”, afirma.

Mas houve aqueles que concordaram com os números divulgados, ressaltando o comportamento da população do Estado. “Concordo sim. Acho que os paranaenses são mais reservados e até mesmo conservadores, e isso pode influenciar nessa situação”, diz Jorge Antunes, 17.

Tatiane Pallu, 22, concorda com a pesquisa, e acredita que ocorram mais traições em outros estados. “Conheço algumas pessoas de São Paulo e de Santa Catarina, e eles já traíram. Não que aqui eles não façam isso. O número acho que é menor. É que no Paraná as pessoas não são tão abertas”, aponta.

Cultura

A opinião das pessoas que concordaram com o resultado da pesquisa bateram com a explicação da terapeuta de família e de casal, Denise Zugman, sobre os números da traição. “O aspecto cultural acaba determinando as respostas das pessoas que participaram. Sendo verdade ou não, o povo paranaense é realmente mais conservador, vive em uma sociedade mais tradicional. Isso pode ter influenciado nas respostas do questionário”, afirma.

“Eles podem até terem mentido, mas o crescimento da infidelidade deve mesmo ser grande. Independente de serem os menos infiéis, a população paranaense ainda não é totalmente aberta para tratar de assuntos sobre sexualidade. O lado conservador ainda é mais forte”, completa.

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