Bairros contam a história de Curitiba

Bairro Alto, início da história de Curitiba. Santa Felicidade, colônia que cultivava vinhedos, hortaliças, gado e atividades comerciais e de prestação de serviços. Portão, posto de fiscalização do comércio de animais vindos de Curitiba e dos Campos Gerais. Centro Cívico, ?centro do cidadão?, na concepção do seu criador. Curitiba é formada por 75 bairros, que já estão divididos em centenas de vilas, jardins e moradias. Grande parte dos bairros de Curitiba nasceu de núcleos coloniais formados por famílias de imigrantes europeus na segunda metade do século XIX. Já os mais recentes nasceram do crescimento da cidade, que obrigou a urbanização de áreas até pouco tempo rurais.  

A última divisão de bairros feita em Curitiba foi em 1975, quando estavam sob o comando da gestão da capital Jaime Lerner e depois Saul Raiz. Desde então apenas o bairro Capanema mudou para o nome Jardim Botânico, mas sem modificações nas delimitações. O primeiro bairro da cidade é o centro. No entanto, a primeira ocupação que se tem notícia começou com garimpeiros portugueses no Bairro Alto. Eles exploravam o Rio Atuba em busca de ouro. ?Se Curitiba tivesse evoluído a partir dali a data de fundação seria 1648?, explica o jornalista, advogado e historiador Valério Hoerner Júnior.

No final da Rua Marco Pólo, no Bairro Alto, ainda hoje é possível encontrar o monumento ?Vilinha?, que marca esta primeira ocupação curitibana. Com o fim do ouro, os portugueses, orientados pelos índios Tingui, que ocupavam a região, seguiram para o oeste e chegaram onde é hoje o marco de fundação de Curitiba: a Praça Tiradentes. Hoerner Júnior conta que a data de fundação de Curitiba ?constatada? em 1906 pelo historiador Romário Martins como sendo 29 de março de 1693 ?foi a data de fundação da Câmara Municipal. Se perdeu aí 46 anos de história?.

Os casarios ainda existentes no bairro São Francisco mostram as primeiras moradias curitibanas. Com o desenvolvimento, cada bairro foi surgindo com história própria e alguns com características curiosas. O Portão, por exemplo, ganhou este nome porque os conflitos entre os lavradores e tropeiros pelos campos de criação de gado acabaram determinando caminhos e o surgimento de cercas e portões. E a passagem pela região levou à instalação de um portão, que mais tarde deu origem ao nome do bairro.

Com só 203 moradores, Riviera lembra interior

Foto: Ciciro Back

As poucas residências surgiram das antigas chácaras.

Sensação de estar em uma cidade do interior. É assim que as pessoas de fora se sentem no bairro Riviera. Pouco conhecido, como 236 hectares de tamanho e apenas 203 moradores. O local é repleto de barracões industriais e muita área verde. As poucas residências, algumas com aparência de casas de campo, surgiram das antigas chácaras. ?Era uma região rural. Eu moro aqui desde que nasci. E eu ainda prefiro aqui do que um bairro movimentado?, conta a comerciante Silvia Lipka Zonelato, 33 anos. Ela é proprietária de um dos dois únicos comércios da região. São duas pequenas mercearias. Supermercado e farmácias só são encontrados há dois quilômetros do bairro.

?À noite não passa carro aqui. Ainda não chegou a violência. E somos bem servidos de ônibus. Não nos sentimos isolados, mas ainda na zona rural. Aqui as crianças ainda podem brincar na rua?, afirma Alfredo Lipka, 48 anos, irmão da comerciante. Boa parte das famílias que moram no local são antigas e muitas realizaram casamentos entre elas. ?Eu vim do interior para morar com minha prima aqui. Daí conheci meu marido, que é primo do marido dela?, revela a dona de casa Lídia do Nascimento Lacoski, que mora no bairro há 20 anos. ?Os moradores mais velhos são boa parte parentes?, completa.

Apesar de possuir muita área verde, o Riviera não é um bairro que ainda se dedica ao cultivo rural. ?O mais rural ainda é o Umbará e o Ganchinho (ambos na região sul de Curitiba)?, explica o coordenador de informações do Ippuc, Lourival Peyerl. Segundo ele, o Riviera, assim como os bairros São Miguel e Augusta, que são próximos e também com bastante área verde, têm restrição ao cultivo rural porque fazem parte de áreas de preservação da represa do Passaúna.

Champagnat e Ecoville não são nomes oficiais

Os bairros de Curitiba são divididos por diversas vilas, jardins ou moradias. A grande maioria é para facilitar a localização em bairros muitos grandes. No entanto, pelo menos dois nomes já foram incorporados por muitos curitibanos como bairros, mas na verdade não são: Champagnat e Ecoville. ?O Ecoville foi um nome dado pelo mercado imobiliário, que começou a construir condomínios com grandes áreas verdes na região?, comenta o coordenador de informações do Instituto de Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Lourival Peyerl.

O Champagnat surgiu de um loteamento no bairro Bigorrilho, onde hoje é uma grande universidade e que na época era o colégio Marcelino Champagnat. O nome se incorporou ao bairro, mas, segundo informações do Ippuc, entre várias histórias sobre o surgimento do nome do bairro, uma diz que surgiu da ?cigana benzedeira que morava na região, como também de uma prostituta de nome Bigorrilha e muito valente?. O bairro é tomado por prédios, mas como tem em sua área parte do Parque Barigüi, ficou no bairro Água Verde o maior número de moradores por quilômetro quadrado. O bairro possui 10.000 moradores para um quilômetro quadrado.

Voltar ao topo