Bairro se mobiliza contra o alcoolismo

Depois de um acidente fatal envolvendo quatro adolescentes que moravam no bairro do São Lourenço, em Curitiba, em setembro do ano passado, a Associação dos Moradores e Amigos do São Lourenço, resolveu fazer um alerta aos jovens sobre os perigos da ingestão do álcool. Para colocar a idéia em prática eles entraram em contato com as dezessete escolas da região e, este ano, 12 mil alunos devem trabalhar o assunto em sala de aula. Ontem foi a primeira reunião com os representantes das escolas para planejar as ações.

Tosihiro Ida, integrante da associação, afirma que o acidente foi a gota d?água e serviu para mobilizar o grupo na busca pela solução do problema. Resolveram bater na porta das escolas porque elas são os melhores canais para passar as informações e discutir o assunto. Munidos de documentos, com dados sobre jovens e álcool, procuraram as entidades em janeiro deste ano e já estão estudando em conjunto como trabalhar o assunto.

Segundo Tosihiro a idéia é envolver professores de todas as disciplinas, sendo que cada um vai direcionar as atividades para a sua área. Ele explica que o professor de matemática pode fazer gráficos com os números, o de Biologia estudar os efeitos do álcool no organismo e o de Português pedir uma redação.

O Colégio Santa Maria, que vai colaborar com as outras escolas para a elaboração de seus projetos, já desenvolve uma proposta semelhante. Além de abordar estes assuntos em todas as disciplinas, eles criaram há dois anos a matéria de Relações Pessoais e Interpessoais. Nela os alunos discutem diversos temas, como bebida, drogas e sexualidade. “Um dos lemas do colégio é preparar os alunos para a vida”, explica o assessor psicopedagógico, Marcos Méier.

No meio do ano a associação pretende mobilizar a sociedade para pedir a proibição de propagandas de bebida alcoólica.

Números

Os dados pesquisados pela associação são alarmantes. Em Curitiba, 90% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito são indiciadas pelo uso de álcool e 50% das mortes registradas no trânsito do País são provocadas pela ingestão da substância. Em 2000, de todas as mortes de jovens na capital, 14,2% delas foram em acidentes de carro.

Mas além dos acidentes, a maioria dos homicídios no Brasil está relacionado ao consumo de álcool e outras drogas. Na década de 90, houve um crescimento de 77% no número de homicídios envolvendo jovens. Em 1991, 10.036 pessoas entre 15 e 24 anos foram assassinadas e em 2000 os indicadores chegaram a 17.762. Em Curitiba os dados acompanharam o crescimento. Em 1991, 28,3 de jovens dentro de um grupo de 100 mil foram mortos e em 2000, a taxa pulou para 54,8. “Precisamos conscientizar nossos jovens”, ressalta Tosihiro.

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