Avanço das zoonoses preocupa

Nos últimos anos, doenças transmitidas pelos cães, como a raiva, leptospirose e hantavirose, já não preocupavam tanto a população como antigamente. Mas, de acordo com dados da Prefeitura de Curitiba, as zoonoses (doenças que afetam homens e animais), estão reaparecendo. O contato direto com cães e gatos que vivem nas ruas tem sido uma das principais causas do aumento dessas doenças.

Esse tema e outros ligados aos animais de estimação estarão sendo discutidos até amanhã por veterinários, clínicos, e empresários do setor no Curitiba Pet Show 2003, em Santa Felicidade.

As doenças provenientes do contato com os animais de estimação requerem cuidados e podem levar à morte. A raiva, que há anos não apresentava novos casos, volta a preocupar, principalmente devido ao número de cães soltos pelas ruas.

A leptospirose pode ser transmitida pelo cão que teve contato com a urina de rato, presente em poças d?água, nas rações, e lugares sem limpeza constante. E a hantavirose, que é causada por um vírus presente na urina, fezes e saliva dos ratos e é transmitida pela respiração.

Controle

O entrave para a prefeitura está sendo controlar o nascimento de novos animais. De acordo com dados da prefeitura municipal, até o ano passado existiam 240 mil cachorros em Curitiba, sendo que 50% desse total viviam nas ruas. Segundo Zorba Mestre Dallalana, vice-presidente da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, regional Paraná, é preciso realizar um controle de natalidade de cães e gatos na cidade. ” Enquanto os humanos geram um bebê no período de nove meses, um cão pode ter até 15 filhotes e os gatos, 45 no mesmo período”, explica.

“Os donos têm que fazer a sua parte. Cuidar devidamente de seus animais de estimação, para que eles não apresentem problemas. A limpeza dos animais é uma condição fundamental para se livrar de doenças”, afirma.

No último ano, foram apreendidos 17 mil animais. A prefeitura recebeu 36 mil reclamações e pedidos de apreensão. Além do incentivo à castração, a solução encontrada até o momento pela prefeitura é o sacríficio dos animais.

Palestras abordam as doenças

A Secretaria de Estado da Saúde participa do Curitiba Pet Show 2003, primeiro evento do setor no Paraná que tem como foco principal o estudo de fatores científicos e de saúde voltados ao setor veterinário. A chefe da divisão de zoonoses e toxicologia da Secretaria, Giselia Rubio, proferirá amanhã, às 14h, palestra sobre raiva, leptospirose e hantavirose.

Gisélia vai traçar um panorama dessas doenças transmitidas por animais aos seres humanos e que ainda preocupam as autoridades médicas. Ela também dará orientações de como identificar a presença destas doenças e que atitudes tomar quando surgirem casos suspeitos.

A chefe da divisão alerta sobre a importância de profissionais da área conhecerem mais sobre zoonose. “Existem doenças pouco conhecidas pelo público em geral e até profissionais da área, como por exemplo a hantavirose”, explica.

Outros palestrantes também falarão sobre posse responsável no controle de zoonoses em grandes centros urbanos, nutrição de cães e gatos, marketing de serviços e produtos em pet shops e comércio de animais silvestres.

Para o coordenador geral do evento, Álvaro Nogueira, o ponto principal para o público em geral é a posse responsável. “O conceito de que você também é responsável por um animal que está na rua também pode ajudar a diminuir o número de doenças infecciosas em animais e, em conseqüência, nas pessoas”, diz.

A feira acontece no Restaurante Dom Antônio, em Santa Felicidade. Das 14h às 22h dos dois dias estão previstas palestras técnicas.

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