Aproveitando os 117 anos da Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Paraná realizou ontem, no auditório do Canal da Música, uma audiência pública sobre o mercado de trabalho para os negros em Curitiba. É o primeiro encontro sobre discriminação racial no emprego que o MPT realiza no Estado. ?A audiência foi promovida em resposta à denúncia de uma ONG ao Ministério Público Federal sobre a relação de discriminação de raça no País?, explica a procuradora Thereza Cristina Gosdal. A partir da denúncia, o MPT se encontrou com movimentos negros, que apontaram o setor de shopping centers como um dos que menos emprega negros na cidade.

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Assim, mais de 700 lojas localizadas em shopping centers de Curitiba, além de sindicatos da categoria, foram convocadas para a audiência. Segundo Thereza, o objetivo do MPT é discutir as várias formas de discriminação na relação de trabalho e orientar os participantes sobre as práticas que assegurem a plena cidadania do trabalhador. ?É importante lembrar que a conseqüência por discriminar um trabalhador não é apenas administrativa, mas também criminal?, alerta. A procuradora diz que o MPT recebe poucas denúncias sobre discriminação racial. ?Muitas pessoas desconhecem a lei ou o próprio trabalho do ministério. No caso dos afrodescendentes, acredito que alguns são discriminados tantas vezes que nem ligam mais. Outros ainda nutrem descrença pelo trabalho da Justiça?, aponta.

Para a socióloga do Instituto de Pesquisa da Afrodescendência (IPAD), Marcilene Garcia de Souza, os shoppings na cidade tem caráter europeu. ?Além de ser raríssimo um afrodescendente chegar a trabalhar em algum desses estabelecimentos, nem mesmo na publicidade os negros são lembrados?, aponta.

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