Ato supra-religioso defende a paz e Foz

Os civis iraquianos não terão chance de sobreviver se a opinião pública mundial não fizer todos os esforços possíveis contra a guerra. A opinião do reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Augusto Moreira Júnior, sintetiza a intenção de um ato supra-religioso realizado ontem na Sociedade Beneficente Muçulmana do Paraná, em Curitiba. Envolvendo lideranças religiosas de vários segmentos e personalidades da sociedade paranaense, o evento marcou o lançamento do Manifesto de Curitiba pela Vida, Paz e Verdade. O manifesto tem três diretrizes básicas: imediato fim da invasão ao Iraque, criação de um Estado Palestino e apoio irrestrito à cidade de Foz do Iguaçu, acusada por alguns órgãos da imprensa internacional de abrigar terroristas.

Moreira destacou que todos nós temos tudo a ver com a guerra. “A única chance de salvarmos inocentes é uma mobilização de toda a opinião pública mundial. A UFPR também vai participar, vamos promover um ato público contra a guerra”, contou.

O vereador Paulo Salamuni (PMDB) explicou que o manifesto será enviado para vários organismos internacionais. “Os líderes religiosos vão coletar assinaturas”, explicou. No próximo domingo acontece a assembléia geral da arquidiocese de Curitiba. “Vamos levar o manifesto aos 156 párocos da arquidiocese”, contou o bispo auxiliar de Curitiba, Dom Ladislau Bienarski, destacando que o manifesto é pelo ser humano, já que o mal não está em nenhum dos lados. O presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana no Paraná, Jamil Iskandar, afirmou que a guerra não é só contra o Iraque e sim contra a Justiça. O líder espiritual da comunidade muçulmana em Curitiba, xeique Muhammad Khalil, destacou que o manifesto não é a favor do governo iraquiano e sim do povo. O presidente do Clube Sírio-Libanês no Paraná, Orlando Kalil, citou a autonomia do povo do Iraque. “O povo elegeu Saddam, por isso, é legítimo seu governo. Vi um artigo num jornal que questionava quem tem mais legitimidade, Saddam ou Bush. Esse artigo falava que Bush é o presidente de ficção, eleito num pleito de ficção e que fez uma guerra por motivos fictícios”, contou.

Foz

O prefeito de Foz do Iguaçu, Sâmis da Silva (PMDB), enalteceu a participação da comunidade árabe para o crescimento e desenvolvimento da cidade. Ele condenou a ação de TVs americanas que tentam ligar a tríplice fronteira ao terrorismo internacional. “Fizemos um comercial ironizando a suposta passagem do Bin Laden por Foz. No comercial mostra-se que até ele veio ver as belezas das cataratas, assim como já veio o Clinton, a rainha da Inglaterra e outras personalidades mundiais”, lembrou. Após o evento todos fizeram uma oração na mesquita muçulmana. Participaram membros das comunidades muçulmana, católica, evangélica, ortodoxa e ortodoxa ucraniana.

Curitibanos protestam contra os EUA

Elizangela Wroniski

Com as palavras de ordem “chega de bomba, chega de ataque, fora imperialismo do Iraque” a bandeira dos EUA foi queimada e outra com a palavra paz foi estendida em um dos prédios da Boca Maldita, ontem, em Curitiba, num protesto contra a guerra. O movimento foi organizado pelo Fórum da Luta que reúne diversas entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Sem- Terra (MST), Comissão da Pastoral da Terra (CPT), APP-Sindicato e estudantes.

Por causa da chuva poucas pessoas participaram, mas o evento chamou a atenção pela simbologia. Quatro faixas brancas estavam representando o norte, sul, leste e o oeste do planeta. Os manifestantes se voltaram para eles lembrando que em todas essas regiões as pessoas estavam contra a guerra, até mesmo nos EUA, citou Gelson Oliveira, secretário executivo do CPT. O presidente da CUT no Paraná, Roberto Wonderosten, classificou o manifesto como a colocação de mais um tijolo na construção da paz. A diretora de políticas sociais da APP, Débora Albuquerque, disse que o órgão estava participando do evento para mostrar a indignação dos educadores. “O imperialismo americano está causando muitas mortes”, disse.

Roberto Baggio, coordenador nacional do MST, comentou que toda a população estava contra a forma como os americano tratam a soberania de outros países. Ele condenou a guerra porque ela estaria ocorrendo só por motivos econômicos, como forma de combater a recessão americana e o avanço da moeda européia. “Eles querem controlar todas as matérias-primas. Estão começando pelo petróleo, depois pode ser a biodiversidade da Amazônia”, ressalta.

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