Artigos religiosos têm mais saída no final de ano

Considerados bastante religiosos e supersticiosos, os brasileiros estão lotando as casas de venda de produtos de umbanda, candomblé e outros artigos religiosos neste fim de ano. Em Curitiba, com a proximidade do réveillon, estabelecimentos que vendem produtos do gênero estão percebendo um aumento no movimento de clientes de até 60% em relação a outras épocas do ano.

Fátima Camargo, funcionária da Bonato Loja de Umbanda e Tabacaria, revela que, nas últimas semanas, o movimento no estabelecimento onde trabalha tem sido 40% maior. “Nestes últimos dias do ano sempre se vende bastante”, garante. “Em função disso, vamos trabalhar direto até às 18h do dia 31. Acreditamos que muita gente que ainda vai descer para o litoral dê uma passada de última hora na loja para comprar seus produtos.”

Os artigos mais vendidos no mês de dezembro costumam ser imagens de Iemanjá, velas, fitas, colares de contas coloridas, barquinhos, perfumes, pentes e espelhos. Sabendo disso, o dono da loja Iemanjá Artigos de Umbanda, Izoaldo Andreatta, chegou a preparar um kit básico para facilitar a vida dos clientes, composto por uma imagem de Iemanjá, sabonete, pefume, flor e outros produtos. “São coisas que têm um procura muito grande e utilizadas principalmente em rituais realizados na praia”, conta. “Em meu estabelecimento, o movimento tem sido entre 50% e 60% maior em relação a outras épocas do ano.”

Fogos

A venda de foguetes e fogos de artifício também vem aumentando com a proximidade do ano novo. Em alguns estabelecimentos da capital paranaense, são esperadas filas de clientes neste fim de semana. “O réveillon é a data festiva em que mais se vendem fogos”, conta o proprietário da casa de fogos Buscapé, Marcos Aurélio Lucca. “Como o brasileiro normalmente sempre deixa para comprar tudo na última hora, nossas expectativas em relação aos três próximos dias são muito boas.”

O dono da Fogos Portão, Adauto Elízio Luz, diz que nos últimos dias do ano passado teve que distribuir senhas de atendimento aos clientes. “É a época mais promissora do ano”, confirma. “Os fogos são procurados tanto por empresários quanto por pessoas comuns, que desejam promover festas familiares.”

Segundo o proprietário da Choktel Fogos de Artifício, Evonir Eloy Zanon Cini, muitas pessoas que deixam para comprar na última hora acabam não encontrando o que desejam. Ele confirma que as vendas aumentam em dezembro, mas informa que, em Curitiba, nos últimos quatro anos, as vendas têm sido menores devido à concorrência com lojas de fogos que estão se abrindo no litoral. “Muitas pessoas deixam para comprar os produtos quando chegam na praia”, declara. “Eu mesmo já estou começando a pensar em montar uma loja no litoral no fim de 2003.”

Aumentam os casos de afogamento

Cintia Végas

A satisfação de estar de férias no litoral é tanta que muitas pessoas esquecem que o mar, além de agradável aos olhos e refrescante em um dia de calor, é também muito perigoso. Anualmente, no verão, agentes do Corpo de Bombeiros do Paraná precisam chamar a atenção de centenas de banhistas e acabam atendendo a muitos casos de afogamentos.

Na temporada de 2001 para 2002, em todo Estado, 1.499 vítimas foram socorridas em rios e nas praias. Destas, onze morreram. Este ano, desde que a Operação Verão começou, no último dia 20, os guarda-vidas tiveram que chamar a atenção de 1.630 pessoas. Já foram efetuados 62 salvamentos de afogados, um número considerado bastante alto em relação a nos anteriores. Nenhuma morte foi notificada.

Segundo o primeiro-tenente Renê Ferreira Muchelin, do Corpo de Bombeiros, um trabalho intenso está sendo desenvolvido nas praias com a utilização de dois helicópteros, barcos e a realização de atividades preventivas diárias dos guarda-vidas. Porém é necessário que a população também colabore e obedeça as orientações. “Diariamente, os guarda-vidas entram na água, saem de barco e de helicóptero para analisar as condições do mar. Eles geralmente conhecem bem valas, buracos e fenômenos, podendo dar boas orientações aos banhistas”, afirma. Para evitar acidentes, Renê aconselha os veranistas a sempre conversarem com os guarda-vidas antes de entrarem na água e a lerem placas de orientação colocadas na areia.

O uso de acessórios e brinquedos como pranchas e flutuadores também deve ser analisado. Pessoas com pranchas devem cuidar para não incomodar outros banhistas. Já surfistas com pouca experiência não devem entrar na água sozinhos. O uso de bóias, mesmo em crianças, não é recomendado. “As bóias dão uma falsa sensação de segurança: porém, os flutuadores podem fazer com que, sem perceber, a pessoa seja levada longe pela correnteza”, explica o tenente. “O melhor é que as crianças sejam bem orientadas e nunca deixadas sozinhas na água.”

Salto de pedras

Outra coisa que preocupa bastante os guarda-vidas é a imprudência de pessoas que se jogam de cima de pedras para o mar. Uma rocha localizada na praia mansa, em Caiobá, é bastante visada pelos banhistas. Dezenas de acidentes já ocorreram no lugar. “As pessoas saltam da pedra sem verificar se a maré está alta ou baixa”, conta Renê. “Muitas vezes, batem com a cabeça no fundo e acabam sendo vítimas de lesões na cervical superior, ficando paraplégicas, tetraplégicas ou mesmo perdendo a vida.”

Como em dias de semana os guarda-vidas ficam na praia das 8h às 19h30 e em sábados, domingos e feriados das 8h às 20h, o Corpo de Bombeiros também aconselha as pessoas a não entrarem na água durante a noite. “À noite, a pessoa não tem como pedir orientações e saber se é ou não seguro entrar no mar”, alerta o tenente. “Em caso de acidentes o salvamento é bem mais complicado.”

PM intensifica ação contra o barulho

Lawrence Manoel

A Polícia Militar (PM) do Paraná vai intensificar a fiscalização contra os perturbadores do sossego neste verão. Aquelas pessoas que ligam os aparelhos de som de seus veículos em volume muito alto foram responsáveis por quase novecentos atendimentos da PM na temporada passada. Somente nos seis primeiros dias da Operação Verão 2003, os policiais que atuam no litoral do Estado já foram acionados 58 vezes para atender situações semelhantes.

Conforme o relações públicas da Operação Verão, tenente Valdecir Gonçalves Capelli, a média de dez casos diários deve subir ainda mais na passagem do ano e na época do carnaval. “A PM está com um trabalho de orientação constante. A recomendação é o uso do bom senso, ou seja, que as pessoas liguem o rádio para que elas ouçam, não toda a praia”, alertou Capelli.

O tenente explicou que quando a pessoa é apanhada com o som do carro muito alto, tem seu veículo recolhido. Ele são devolvidos, juntamente com os aparelhos de som, depois do processo ter sido julgado. “É feito um termo circunstanciado e encaminhado o caso ao Juizado Especial. Entre 24h e 48h acontece o julgamento”, contou, destacando que as penas variam de pagamento de multas por meio de cestas básicas ou prestação de serviços à comunidade.

O relações públicas explicou que as pessoas que tiverem seu sossego perturbado, em qualquer hora do dia, podem procurar a PM pelo telefone 190. “Para que aconteça a contravenção de perturbação ao sossego é necessária a denúncia. Mas essa denúncia pode ser anônima, que mesmo assim a PM vai verificar”, disse Capelli.

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