Araupel, modelo também de preservação ambiental

O assentamento na Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, deve se tornar modelo também no que diz respeito à preservação ambiental. Ontem à tarde, integrantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entre outras entidades, deram o pontapé inicial para a formação da Câmara Técnica de Gestão Ambiental.

O objetivo era discutir maneiras capazes de aliar a atividade econômica dos assentados à preservação ambiental. Dos 25 mil hectares da área adquirida pelo governo federal, 9 mil são de preservação ambiental, incluindo florestas de eucalipto, pinus e araucária.

De acordo com o superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, foram discutidas durante a reunião ações a curto, médio e longo prazos. Entre as propostas apresentadas estavam a capacitação dos assentados em relação à importância da preservação ambiental, inclusive com a constituição de uma biblioteca e a inserção do assunto na escola itinerante inaugurada na semana passada. Também foi proposta a criação de um inventário florestal – um raio-x sobre as diferentes espécies vegetais e animais.

“É necessário ter um retrato, saber se a madeira que lá existe é de fato boa ou não passa de taquara. Também é preciso capacitá-los sobre a importância da preservação ambiental, sobre a produção da madeira, que é um excelente negócio e um dos mais rentáveis, desde que saibam respeitar o tempo de cada espécie de floresta”, aponta Lacerda.

Segundo ele, a expectativa é que todos os trâmites burocráticos relativos à compra da área pelo governo federal demore cerca de trinta dias. Até lá, a idéia é que as estratégias de preservação do meio ambiente já estejam definidas. “A gente precisa tomar medidas para garantir que não haja depredação nem devastação ambiental”, afirma. “A gente não coloca em dúvida a capacidade dos sem-terra em preservar, mas haverá muitos interesses escusos de pessoas que não vão querer terra, mas madeira. E temos que nos proteger delas.” Segundo Lacerda, o Estado colocou a polícia à disposição para proteger a área.

Lacerda afirmou ainda que é necessário fazer um cadastro das famílias atualmente na fazenda – fala-se entre 1.600 a 2 mil famílias, enquanto o MST diz que são 2.200 – e enviar os dados para o IBGE e assim conseguir mais verbas para o município, especialmente nas áreas de saúde e educação.

Agroecologia

De acordo com o assessor da diretoria executiva da Embrapa em Brasília, Antônio Maciel Botelho Machado, o ideal é aliar a agricultura à pecuária e à preservação de florestas na Fazenda Araupel. “O enfoque tem que ser agroecológico”, salienta. Segundo ele, atividades como pecuária, suinocultura, apicultura, avilcutura, produção de grãos, entre outras, são viáveis na área. Para um dos coordenadores estaduais do MST, Elemar Nascimento, o desenvolvimento da piscicultura e da extração do palmito também seriam possíveis. “A gente está fazendo uma costura, para que haja desenvolvimento econômico e proteção ambiental”, afirma Nascimento.

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