Países que têm terrenos cársticos, como Áustria, Inglaterra, China, Estados Unidos, entre outros, caracterizam-se por elevado potencial de recursos hídricos que mantêm diversos ecossistemas. Estes terrenos ocupam 12% das áreas continentais emersas e fornecem 25% dos recursos hídricos de toda água potável disponível. No Brasil, os estados que mais se beneficiam com terrenos cársticos são Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Porém, sua riqueza hídrica apresenta extrema fragilidade, visível em cavidades que se abrem provenientes de contaminação da superfície por diversas origens e colocam em perigo as águas profundas.

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Aqüífero Karst

Marcos Schneider, geógrafo em Curitiba, palestrante, professor, especialista em Geoprocessamento e Geografia Ambiental, pesquisou o Aqüífero karst no Distrito de Fervida, Colombo-PR. Para o geógrafo, o distrito representa parte de uma grande província cárstica que, nos últimos 10 anos, sofreu impactos por desmatamento, uso extensivo de defensivos agrícolas, ausência de planejamento urbano e falta de planejamento adequado para escolha de locais menos problemáticos para perfuração de unidades de bombeamento de água subterrânea. Como conseqüências ocorrem degradação e contaminação de águas superficiais e subterrâneas. Os principais fatores de contaminação local estão diretamente relacionados ao desenvolvimento agrícola da região através de pequenos minifúndios, que constituem o principal agente poluidor, por material orgânico e inorgânico, o que foi, durante alguns anos, acelerado pelo bombeamento intenso de água por poços tubulares.

Marcos Schneider considera que a ocupação das encostas por diversas culturas podem estar contaminando as drenagens que vêm apresentando largas extensões de reservatórios eutrofisados (enriquecimento natural ou artificial da água por material orgânico). As análises químicas de seu estudo mostraram presença anômala de coliformes, nitratos e cloretos. Entretanto, a amostra coletada de um poço tubular não apresentou este tipo de contaminação, apesar do seu estado de abandono, o que pode representar um caminho preferencial de contaminação de poluentes superficiais em casos de aqüíferos em profundidade.

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?Estamos vivendo uma época de estiagem intermitente, inconstante, mas recorrente. Considerando-se que ainda nos encontramos no mês de maio, olha-se com apreensão para os meses de julho e agosto, tradicionalmente de baixos índices de precipitação (…). É pertinente examinarmos desde já todos os reservatórios disponíveis ao redor da nossa cidade e vizinhança a fim de nos munirmos de meios para enfrentarmos dificuldades de abastecimento, quiçá inevitáveis em futuro próximo?, alerta Schneider.

Sabe-se que o aproveitamento do Aqüífero Karst foi tema de intensos debates no passado não muito distante e que um EIA/Rima-Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente foi produzido reprovando algumas práticas e sugerindo alternativas interessantes. Schneider enfatiza: ?Urge que o poder público reclame a exibição e defesa pública deste importante instrumento. Inaceitável é a atitude de deixar este tema de lado, pois pode custar muito caro à população no momento em que os órgãos públicos precisarem tomar decisões a respeito de eventual abastecimento emergencial?.

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P.S: No próximo 10 de junho, Marcos Schneider fará palestra para os estudantes do turno matutino do ensino médio no Colégio Estadual Ângela Sandri Teixeira, bairro Tranqueira, Almirante Tamandaré-PR. Tema: Educação ambiental.

Contatos: 91167032.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva é historiador, pesquisador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

queirozhistoria@terra.com.br