Aposentados têm pouco a festejar

Hoje é comemorado o Dia do Aposentado. Porém, no Brasil, a categoria tem muito pouco a festejar. Atualmente, segundo o Dieese, são cerca de 21 milhões de pessoas beneficiadas pela previdência social no País. A maioria, para poder sobreviver com dignidade, precisa enfrentar diariamente uma série de barreiras sociais e financeiras.

Para o diretor presidente da Associação dos Funcionários Aposentados do Banestado (AFAB), Juarez Mortensen, que se aposentou há dez anos, viver de aposentadoria hoje, no Brasil, é uma tarefa bastante difícil, “considerada quase impossível”. Ele conta que, quando uma pessoa se aposenta, tem a sensação de que vai poder descansar e aproveitar a vida. Passados alguns meses, a ilusão acaba e a realidade se mostra completamente diferente.

O principal problema que os aposentados encontram, segundo o presidente da Associação dos Funcionários Aposentados da Telepar, Luiz César Scheffer, que se aposentou há nove anos, é que os índices inflacionários nem sempre são totalmente repassados aos seus salários, gerando defasagens e queda no nível de vida. “O poder de compra da pessoa passa a ser menor e ela acaba tendo que reduzir seu nível de vida”, afirma.

Alguns benefícios, como plano de saúde, muitas vezes também acabam sendo extintos justamente no momento em que a pessoa mais necessita. Afinal, geralmente são as pessoas de mais idade, já aposentadas, as que mais gastam com atendimento médico e remédios. “Com tudo subindo de preço e os salários defasados, acaba sendo inviável para os aposentados pagar um plano de saúde, sendo que muitas vezes lhes falta dinheiro até para comprar os medicamentos receitados”, comenta Juarez. “Eles acabam tendo que depender do SUS, que tem pouca capacidade de atendimento para tanta gente”.

Com o objetivo de melhorar as condições financeiras, muitos aposentados acabam voltando ao trabalho. O problema é que a maioria das empresas prefere contratar pessoas mais jovens e os aposentados passam a depender de subempregos, onde não contam com nenhum benefício, não têm carteira assinada e ganham salários bem abaixo da média. “A discriminação em relação ao idoso é muito grande no Brasil. Ainda existe muito preconceito e a figura do aposentado é ligada à de uma pessoa inútil”, dizem Luiz e Juarez.

Tantos problemas e insatisfações contribuem para que os aposentados sejam vítimas de depressão e outros problemas de saúde de fundo psicológico. Àqueles que não se mantêm ativos – seja através de um novo trabalho ou da realização de qualquer outra atividade – e se distanciam da vida social costumam ser as maiores vítimas.

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