A partir de amanhã, as farmácias de todo o Brasil somente venderão remédios antibióticos mediante apresentação da receita de controle especial em duas vias. Ou seja, uma delas ficará retida no estabelecimento.

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Isso implica ao consumidor passar sempre antes por uma consulta médica, na qual poderá ser receitado o medicamento. A receita terá validade de dez dias. Parte da população ainda não sabe sobre a medida, implantada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Eu não sabia disso. Mas nestes casos, quando é para antibiótico, eu sempre passo antes no médico”, comenta a dona de casa Andressa Estela. A Anvisa implantou a medida para reduzir a resistência às bactérias. A agência cita dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam que metade das prescrições de antibióticos em todo o mundo é inadequada.

Impacto

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Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Paraná, Edenir Zandoná Junior, o maior impactado pela medida é o consumidor.

“Uma consulta no sistema privado demora dias para ser agendada. No sistema público, às vezes demora de um a dois meses para marcar”, comenta. Ele garante que as farmácias vão cumprir a norma da Anvisa. Zandoná Junior estima uma queda inicial nas vendas deste tipo de medicamento, mas não sabe informar de quanto.

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O diretor executivo da Associação Brasileira de Distribuidores dos Laboratórios Nacionais (Abradilan), Geraldo Monteiro, disse que a entidade não está preocupada com a possível queda nas vendas, mas sim com o acesso à consulta médica.

“A maioria da população tem que se consultar no sistema público. Não tem médico especialista na hora que precisa. Deveria ser revista a estrutura médica do País antes da Anvisa editar esta resolução”, opina.

Controle

O médico infectologista Alceu Fontana Pacheco Junior, presidente da Sociedade Paranaense de Infectologia, acredita que a medida ajuda no controle mais efetivo do uso de antibióticos.

“Mas acho complicada a implementação, pelo volume alto nas vendas de antibióticos. A população deve estar consciente de que qualquer medicamento deve ser dispensado por um médico e não pode haver este consumo livremente”, afirma.

Ele concorda que, diante de uma resolução como esta, é preciso proporcionar à população um acesso ao médico com qualidade. De acordo com a presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná, Marisol Dominguez Muro, a medida não é ruim pelo seu propósito. Entretanto, pode esbarrar no sistema de saúde. “Sabemos da dificuldade e muitas vezes a farmácia é a saída mais rápida e fácil”, esclarece.