Alunos têm aula no bar ao lado da escola

Uma solução paliativa e de eficácia duvidosa vai ser usada para resolver o problema de espaço da Escola Municipal Margarida Orso Dallagassa, no bairro Tatuquara, em Curitiba. Salas de aula metálicas serão instaladas na escola na próxima semana. Este recurso já é utilizado em algumas escolas da capital, porém, apresenta problemas com o calor e com a acústica. Ontem, a bancada de vereadores do PT e membros do Ministério Público fizeram uma vistoria na escola, para averiguar a situação de 180 alunos de 1.ª série que estavam sendo obrigados a assistir aulas num bar ao lado do colégio.

O vereador Pedro Paulo (PT) afirmou que o objetivo da visita foi cobrar a responsabilidade da Prefeitura da capital. “É um diálogo para se tentar solucionar o problema. Caso não seja resolvido vamos fazer com que a municipalidade responda por crime de responsabilidade”, disse, explicando que o problema foi gerado por omissão e por falta de planejamento. O vereador manifestou posição contrária à colocação de salas metálicas, tolerando-as apenas numa situação de emergência.

A chefe do Núcleo Regional de Educação do Pinheirinho, Maria Elizabeth de Souza Teixeira, informou que a construção de uma outra escola na região, com capacidade para 900 alunos, está nos planos do município. “As salas metálicas vão resolver por enquanto”, disse, destacando que serão quatro salas que serão usadas por oito turmas.

Faltando espaço

A Margarida Orso Dallagassa tem capacidade para atender 920 alunos. Todavia, são 240 a mais matriculados no estabelecimento. A diretora da escola, Maria de Cássia Lima Ribeira, explicou que foi obrigada a colocar os alunos no bar e lanchonete, caso contrário eles perderiam o ano letivo. “As aulas começaram em 10 de fevereiro. Eles só puderam começar em 10 de março e ainda nessa situação”, contou, destacando que as crianças não mais estão no bar, já que a escola está fazendo um “revezamento” entre as turmas, levando umas para fazer passeios, enquanto não é solucionado o problema. Corredores e a sala de artes também serão utilizados como sala durante esta situação emergencial.

Mapeamento

O promotor da Infância, Juventude e Área de Proteção, Marco Aurélio São Leão, explicou que o Ministério Público está fazendo contatos com a Secretaria de Educação, núcleos regionais, Bombeiros e Vigilância Sanitária para verificar a situação das demais escolas do Estado. “Vamos ver se podem ser dadas soluções como a das salas metálicas ou outras, dependendo do caso”, afirmou, destacando que o MP pode agir em nível administrativo e judicial contra os responsáveis pela falta de condição adequada para que os alunos participem das aulas.

Soja causa mau cheiro

Lawrence Manoel

A diretora da Escola Municipal Margarida Orso Dallagassa, Maria de Cássia Lima Ribeiro, denunciou outro problema que está acontecendo com os alunos. Próximo ao estabelecimento de ensino há uma linha férrea e quando os trens passam acabam deixando cair soja. A fermentação do produto acaba gerando um odor ruim, muito parecido com o que há em portos. “Crianças já passaram mal com o cheiro. É durante todo o ano, piorando no período da safra da soja”, contou.

Existem suspeitas de que pessoas furam propositadamente os vagões para que a soja caia. Posteriormente, ela é recolhida e vendida.

Crianças têm que tomar cuidado com as paredes

Lawrence Manoel

As salas metálicas que serão levadas para a Escola Municipal Margarida Orso Dallagassa sairão da Escola Municipal Poeta João Cabral de Melo Neto, na Vila Verde. Quem confirmou a informação de que quatro salas serão transferidas já no final de semana é a vice-diretora da escola da Vila Verde, Sandra Ferreira. Ela destacou que todo o colégio vem usando salas metálicas, com isolamento térmico feito com isopor entre as chapas, há quatro anos. Porém, não negou que haja problemas nesse tipo de equipamento. “Conseguimos um remanejamento dos alunos e com isso, algumas salas ficaram livres e poderão ser transferidas”, destacou Sandra.

O calor é o principal problema enfrentado pelos alunos que estudam nas salas metálicas. Naquelas que têm o contato direto com o sol, fica difícil até encostar nas paredes sem se queimar. “Esquenta bastante mesmo”, disse Jackson Orgaener, da 4.ª série. A professora da turma de Jackson, Mariliana Marszalek, concordou com seu aluno e acrescentou outra reclamação. “Além do calor o problema é a acústica. Eu escuto tudo o que acontece na sala ao lado e vice-versa”, reclamou.

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