Alunos comprometidos a dizer “não às drogas”

O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido pela Polícia Militar, formou ontem mais 5 mil estudantes de escolas públicas e particulares de Curitiba. O pátio do Comando Geral da PM ficou lotado de crianças entre 9 e 12 anos, que se comprometeram a dizer “não às drogas”. Foram seis meses de aulas e dezessete lições, para que os alunos de 28 escolas recebessem o certificado de participação do Proerd.

Baseado no projeto norte-americano Drug Abuse Resistence Education, criado em 1983 em Los Angeles (EUA), o Proerd tem por objetivo combater o uso indiscriminado de drogas e da violência. O programa foi criado pela educadora americana Ruth Rich, que ficou impressionada com a apreensão de 22 toneladas de cocaína pela polícia de Los Angeles. Na época, em depoimentos os traficantes afirmaram que a maior parte seria vendida nas escolas da cidade. Então, ela achou que era preciso fazer alguma coisa para combater os traficantes, sem uso da violência ou da força bruta.

O primeiro Estado brasileiro a adotar o Proerd foi o Rio de Janeiro, em 1993. No mesmo ano, ele passou a ser desenvolvido em São Paulo, que também incorporou a violência. “70% da violência têm haver com as drogas”, explica o coordenador do programa no Paraná, o tenente-coronel João Luís Zilli Porcides.

E o desafio do projeto é justamente o combate a esses dois grandes males para a sociedade. Se depender das crianças formadas ontem, esses podem estar sendo superados. “Eu nunca quis saber de drogas. Ainda mais agora que sei como faz mal. Provoca o câncer e leva à violência”, declarou Rafaela Paz Camargo, de 14 anos, da Escola Estadual República Oriental do Uruguai. Além das aulas, ela conta que junto com suas amigas fez brincadeiras e organizou teatro para mostrar as conseqüências das drogas.

Nas aulas semanais, os instrutores da PM ensinam as crianças a reforçar a auto-estima, resistir às pressões dos companheiros e da mídia e a desenvolver a civilidade. No Paraná, são 119 instrutores, para os 74 municípios atendidos pelo projeto. Criado no Paraná, em 2000, o programa já atingiu cerca de mil escolas e um universo de 112 mil crianças. Com o aluno Lucas da Costa Coutinho, 9, do Colégio São Francisco de Assis, não foi diferente. “Aprendi que a gente tem que dizer não às drogas, porque quem fuma fica com os dentes amarelos e estraga a saúde”, resumiu.

Apesar dos resultados já comprovados, o programa enfrenta resistência, muitas vezes dentro da própria corporação. “Muitos consideram que esta não é uma tarefa da PM e que deveríamos estar na rua prendendo marginais. Mas a prevenção de hoje pode evitar a repressão de amanhã”, comenta a instrutora e tenente Juliana Molina. O programa é implantado de acordo com a realidade de cada Estado, promovendo uma aproximação entre a escola, a família e a polícia. Mais de 90% das escolas que participaram do programa são públicas. As escolas interessadas em participar do Proerd, mesmo as particulares, devem entrar em contato com o telefone (41) 224-6025.

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