Almirante Tamandaré há 3 meses sem hospital

Os moradores de Almirante Tamandaré, na Grande Curitiba, estão enfrentando um problema sério. O único hospital da cidade, o Hospital e Maternidade São Paulo, de propriedade particular, está fechado há quase três meses para reformas. O dono do hospital, o médico Diniz Mehl Andrusko, alega que nele estão sendo feitas algumas adaptações e adequações, tanto no sistema elétrico, como no hidráulico, além de ampliação, e afirma que não há expectativa de quando será reaberto. Antes de ser fechado, o hospital sofreu intervenção da Secretaria Estadual de Saúde, que descredenciou o estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Bernardete Comke Bini, responsável pelo Posto de Saúde 7 ? o mais próximo do Hospital São Paulo ?, conta que o movimento aumentou muito nesses últimos três meses. “Começaram a chegar até casos mais graves. Mas aqui só damos o primeiro atendimento e, depois da avaliação do médico, dependendo a situação, os pacientes são encaminhados para o hospital Cajuru, Evangélico ou de Clínicas, em Curitiba”, explica. No município há apenas duas ambulâncias que fazem o transporte desses pacientes. “É um número baixo”, reconhece Bernardete. Outro problema é a falta de pediatra no posto de saúde. Segundo Bernardete, a pediatra foi afastada por motivos de doença. Outra pessoa foi contratada para trabalhar em seu lugar, mas há cerca de um mês a função está vaga. “Os clínicos-gerais fazem o atendimento e, se for necessário, encaminham para outros postos”, revela. Ao todo, há oito postos de saúde na cidade.

O comerciante Nelson Batista é um que confessa se sentir prejudicado com o fechamento do hospital. “Eles (médicos) me tratavam muito bem, não posso reclamar”, diz Batista, que culpa a própria população pelo problema que enfrenta hoje. “O povo falou muita bobagem, reclamou. Foi bom o que aconteceu, para eles sentirem que o atendimento não era ruim e que agora faz falta.” Segundo ele, desde que o hospital foi fechado não precisou mais de atendimento médico.

Mesma sorte não teve o foguista de forno de cal, Geraldo Damasceno de Jesus. No último sábado, ele foi levado às pressas para o hospital de Colombo, passando mal. Há cerca de um ano, o foguista foi vítima de uma pneumonia dupla, que ameaçava atacar novamente. “Com o frio, tenho que me cuidar.” Já o comerciante José Leite não lamenta o fechamento temporário do hospital. “Não tinha médicos, e o dono do hospital não tem interesse em melhorar o atendimento”, reclama. Segundo ele, a culpa é também do poder municipal. “Como uma cidade com quase 90 mil habitantes não tem hospital público? Isso demonstra a falta de interesse da Prefeitura.”

Parceiros

O médico Diniz Mehl Andrusko, dono do hospital, diz que ainda não há perspectiva de data para reabertura. “Minha preocupação é abrir o quanto antes, mas não adianta se aventurar assim. Saúde é uma questão muito séria e é necessário oferecer boa qualidade no atendimento à população”, comenta, acrescentando que está à procura de parceiros para viabilizar as obras. O hospital, fundado em 1974, estava arrendado para outro médico. Segundo o secretário municipal de Saúde, José Carlos Silva, o hospital foi fechado porque não estaria atendendo às necessidades do município – não teria cumprido o prazo para as adequações estruturais e estaria com o contrato do SUS fora das normas da Secretaria Estadual de Saúde.

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