Albergues aumentam atendimento

Viver num albergue, longe da família e dos amigos não é o sonho de ninguém. Mas para muitos essa é a realidade. Em Curitiba, no inverno, o número de pessoas que procuram albergues e abrigos aumenta em 20%. Normalmente essas pessoas têm vidas sofridas e carregam consigo histórias tristes. Mesmo assim, um albergue não é um local de tristeza, pois a vontade de se recuperar e melhorar de vida ainda vive nos corações de seus moradores.

Heitor Galvão Bueno, 87 anos, foi combatente na Segunda Guerra Mundial. Depois disso se dedicou à vida de caminhoneiro, em Diadema-SP. Há um ano veio passear no Paraná e sofreu um acidente, em São José dos Pinhais. O atropelamento fez com que ele ficasse por três meses no Hospital do Trabalhador, em Curitiba. Depois disso foi para o Lar Esperança e há seis meses está na Central do Resgate Social da Fundação de Ação Social (FAS) de Curitiba. Bueno diz que teve oito esposas e dezesseis filhas. As esposas morreram. “Minhas filhas não sabem que estou aqui. Eu não me entendo com elas. Agora sou eu na Terra e Deus no Céu”, contou, dizendo que pretende voltar a trabalhar quando se recuperar. “Ainda tenho uma sonda no corpo, preciso fazer fisioterapia na perna. Mas quando melhorar vou abrir um ferro-velho. Só não sei se em Curitiba ou em São Paulo”, disse.

O caso de Waldir Simões 53 anos, tem semelhanças com o de Heitor. Ele também tem parentes, mas demostra uma vontade de se afastar deles. Simões disse que trabalhando como flanelinha conseguia sustentar sua esposa e as duas filhas dela. Mas há um ano, levado pelo álcool, Simões saiu de casa sem dar explicação. “Eles nem imaginam que estou aqui”, contou, lembrando que quem o trouxe para o albergue foram seus sobrinhos. “Aqui dentro é seguro. Tem café, almoço, remédio na hora certa. Mas eu não consigo ainda me controlar, se colocar um copo de cachaça perto de mim eu tomo”, afirmou, dizendo não saber o que fará se sua família lhe procurar. “Vamos conversar, mas não sei se volto”, contou, dizendo que sente saudades da esposa e das filhas.

A relação de Michele Lacerda, 23 anos, com albergues é antiga. Ela mora nesses locais desde os seus oito anos. Na Central da FAS ela está há nove meses. “Briguei com minha mãe. Ela mexia com drogas e está presa”, contou, lembrando que tem um grande sonho. “Queria conhecer o Gugu. Pedir para ele me dar um dia de princesa e arrumar um emprego para mim”, disse.

A gerente geral da Central de Resgate Social, Marly de Oliveira, contou que o local atende diariamente cerca de cem pessoas que vão espontaneamente ou por solicitação através do 156 “De 60a 70% pernoitam”, ressaltou. (Lawrence Manoel)

Sete albergues e 62 abrigos

A diretora do Departamento de Proteção e Defesa de Direitos da FAS, Francine Wosniak, contou que Curitiba tem sete albergues, que funcionam por parcerias do município com Organizações Não-governamentais. Há também 62 abrigos, em que as pessoas ficam por períodos maiores. Cerca de 1.500 pessoas freqüentem diariamente esses locais.

Francine destacou que a cidade tem cerca de sessenta pessoas que vivem nas ruas. Dessa 70% são homens. “Quem utiliza os albergues normalmente têm problemas com álcool, faz algum tratamento de saúde ou está na cidade em busca de emprego”, revelou, destacando que a maioria dessas pessoas acabam ficando na rua motivados por desentendimentos com a família. “Na FAS nós também temos um programa para migrantes. Na rodoferroviária, as pessoas são encaminhadas para albergues e algumas já recebem as passagens para poder voltar às suas cidade de origem”, disse. (LM)

Quatro cidades abaixo de zero

Uma massa de ar polar que está sobre a região Sul deve se deslocar para o oceano durante o fim de semana, mas mantém a temperatura baixa no centro-sul do País, de acordo com informações da agência meteorológica Climatempo. Apesar das baixas temperaturas, o sol predomina nos Estados do Sul. No Paraná, o Instituto Tecnológico Simepar prevê temperaturas negativas em Curitiba, Ponta Grossa, guarapuava e Palmas para hoje.

Segundo o meteorologista Cézar Gonçalves Duquia, o dia será de céu claro em todas as regiões do Estado. A temperatura mínima deve ser de -2.ºC em Palmas e Guarapuava, -1.ºC em Curitiba e Ponta Grossa, 1.ºC em Cascavel e Pato Branco, 2.ºC em Foz do Iguaçu, 3.ºC em Londrina, 4 ºC em Maringá e Umuarama e 8 º em Paranaguá. A máxima prevista é de 9.ºC em Guarapuava, Irati e Palmas, 11.º em Curitiba, Cascavel e Ponta Grossa, 14.ºC em Maringá e Pato Branco, 15.ºC em Londrina, 16.ºC em Foz do Iguaçu e Umuarama e 18.ºC em Paranaguá.

O meteorologista Eugênio Hackbart, coordenador da Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo (RS), afirma que as temperaturas podem chegar a -7.ºC na região Sul e até 8.ºC na região Sudeste.

Santa Catarina registrou pequena precipitação de neve ontem. O fenômeno de curta duração aconteceu em São Joaquim, por volta das 9h. De acordo com o Centro Integrado de Meteorologia e Recursos Hídricos, a temperatura chegou a -4.ºC na região.

Eugênio Hackbart explica que uma frente fria de fraca atividade está junto à costa do sul do Brasil. O frio deve se estender até quarta-feira, quando uma onda de calor chega ao Sul do País.

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