O mau tempo visto pelos curitibanos sobretudo no domingo atingiu não só a capital, como todo o estado. As chuvas mais fortes começaram no sábado e permaneceram de forma contínua até ontem. Em Curitiba, os 86 mm de chuva registrados durante o fim de semana alagaram os parques, que cumpriram o propósito de evitar enchentes. Em Morretes, o rio Nhundiaquara subiu bastante, entrando em alguns comércios.

continua após a publicidade

Houve alagamentos momentâneos em outras cidades do litoral, que recebeu uma média de 100 mm de precipitação, sem registro de situações graves.

Já nos Campos Gerais, o quadro foi crítico. Em Piraí do Sul, o rio Piraizinho transbordou, deixando 100 pessoas desabrigadas (em abrigos públicos) e 30 desalojadas (na casa de parentes), de acordo com a Defesa Civil estadual. Houve deslizamento de terra com risco de atingir três residências em Ponta Grossa, e por prevenção, 19 pessoas foram retiradas do local. Na região, a cidade onde mais choveu foi Jaguariaíva, com 206 mm.

Verão Chuvoso

continua após a publicidade

Para meteorologistas do Instituto Tecnológico Simepar, os paranaenses podem esperar um típico verão chuvoso, com precipitações leves à tarde, a partir de hoje.

A leptospirose e o rotavirus estão relacionadas a áreas alagadas. Foto: Marcelo Andrade.

Alagamentos e doenças

continua após a publicidade

Junto com enchentes e enxurradas, os tempos chuvosos podem trazer problemas para a saúde. A leptospirose e o rotavirus são duas doenças relacionadas a áreas alagadas. A água da chuva se mistura com esgoto em locais sem saneamento básico e aumenta o risco de contato com urina de ratos – que podem conter a bactéria causadora da leptospirose – e fezes humanas, onde o rotavirus pode estar presente, informa a professora de Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Vanette Thomaz Soccol.

Proteção

Para evitar contaminação, a população deve se proteger com luvas e botas ao se deslocar por áreas alagadas. “A leptospirose causa febre alta, calafrios, dores musculares e de cabeça, vômitos e diarreia. O rotavírus pode causar diarreia e vômito, e apesar de parecer menos grave, pode matar por desidratação”, explica a docente. Ao notar sintomas persistentes, a recomendação é procurar uma unidade básica de saúde.

Focos e risco

Em 2015 foram localizados 573 focos do mosquito em Curitiba, com 231 casos confirmados de dengue, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Neste ano, foram registrados 16 focos, com um caso da doença confirmado. De acordo com o mapeamento do Sacdengue, atualmente a capital está com risco médio de reprodução do mosquito, assim como Ponta Grossa, Guaratuba, Guarapuava e Cascavel. As cidades do Norte e Oeste são as que apresentam risco alto: Londrina, Foz do Iguaçu, Paranavaí e Guaíra, entre outras.

Ameaça voadora

As mosquito Aedes aegypti – transmissor de dengue, zika vírus e febre chikungunya – é uma preocupação típica do verão, já que ele se reproduz em água parada. Porém, chuvas intensas como as do fim de semana não são boas para o inseto, diz o coordenador do Laboratório de Climatologia (Laboclima) da UFPR e do Serviço de Alerta Climático de Dengue (Sacdengue) Wilson Flávio Roseghini.

“O id,eal para a reprodução veloz do mosquito é temperatura entre 22 graus C e 30 graus C e chuvas moderadas, com pausas. Chuva em excesso não é bom, e inundações levam embora os ovos. Se a temperatura estiver mais baixa, como em Guarapuava, Ponta Grossa e Curitiba, ele não se prolifera tão rápido”, afirma.

Reprodução

Em condições propícias, o inseto sai do estágio de ovo e vira mosquito em apenas sete dias. O coordenador lembra que o Aedes aegypti não se reproduz apenas em água limpa. “Isso é mito, tem sido encontrados focos em água turva também”, alerta.