Agentes rejeitam PF fardada

A criação de uma Polícia Federal (PF) fardada, feita através da Medida Provisória 51, editada no último 4 de julho, não agradou a maioria dos policiais federais brasileiros. Ontem, o Sindicato dos Policias Federais no Estado do Paraná (Sinpef/PR) realizou um ato público em Curitiba. A idéia era achar maneiras de impedir a aprovação em definitivo da medida provisória.

Uma paralisação provisória ou até mesmo uma greve não estão descartadas. Hoje, os sindicatos dos policiais federais de todo Brasil também devem realizar manifestações de repúdio à MP.

Segundo o presidente do sindicato paranaense, Naziazeno Florentino Santos Filho, a função da PF é eminentemente civil, principalmente por ser uma polícia investigativa. “Não somos contra o aumento do quadro da PF, mas a criação de uma carreira civil de nível médio diminuiria a qualidade da corporação, que foi elevada desde que se passou a exigir o 3.º grau em 96”, salientou Nazazieno Santos .

Outras reclamações da categoria também foram colocadas em discussão. Segundo o sindicalista, esse ano a PF recebeu 30% menos de recursos que no ano passado. “A União investe mensalmente apenas R$ 0,20 em segurança por habitante”, destacou, afirmando que o dinheiro disponibilizado em uma ano à PF corresponde a apenas uma semana de arrecadação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) em todo Brasil.

Usando a PF

Os policiais federais foram enfáticos em dizer que uma pequena parte do Departamento de Polícia Federal está usando a corporação com fins políticos. “Primeiro no caso da Roseana Sarney (ex-governadora do Maranhão acusada de envolvimento no desvio de verbas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e agora nas escutas telefônicas do PT. Estão usando a PF para fazer campanha para o candidato do governo”, reclamou Nazazieno Santos. Ele lembrou que o candidato apoiado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, José Serra, é favorável à militarização da Polícia Federal. “Precisamos de uma política de segurança pública séria, e não o que acontece hoje. A cada novo problema como o caso do seqüestro do ônibus no Rio, as greves dos PMs, o assassinato do Celso Daniel (ex-prefeito de Santo André) e agora a morte do repórter Tim Lopes, as pessoas querem criar fórmulas milagrosas para solucionar o problema”, criticou o sindicalista.

Carreira de apoio

Os policias também clamam pela criação de uma carreira administrativa de apoio às atividades policiais. Naziazieno Santos denunciou que, dos sete mil policiais federais do Brasil, três mil estão desviados de função. “Colocando pessoas nas funções administrativas, poderíamos usar os policiais em sua verdadeira função”, lembrou o sindicalista.

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