Agentes da Polícia Federal decretam estado de greve

Os policiais federais de todo o Brasil entraram ontem em estado de greve, ou seja, a qualquer momento os serviços prestados pela Polícia Federal (PF) podem ser paralisados. A decisão aconteceu após o não- pagamento da segunda parcela do reajuste salarial da categoria. Além disso, os funcionários reclamam da elaboração de um anteprojeto da lei orgânica da Polícia Federal. Ontem pela manhã, os policiais federais que atuam no Paraná participaram de um ato público. Em Curitiba, a manifestação aconteceu em frente à unidade da PF na Rua Dr. Faivre, no centro da cidade.

O ato público afetou o atendimento ao público pela manhã. No local acontece a emissão de passaportes. Normalmente, os interessados em fazer o documento enfrentam longas filas. O atendimento começa às 9h, mas ontem os funcionários só iniciaram os trabalhos por volta das 10h. Muitas pessoas que esperavam na fila não gostaram do atraso. ?Estou aqui com a minha família desde as 7h. Não havia faixas ou qualquer aviso. Somente depois é que fomos informados. Isso é uma falta de respeito, porque estamos perdendo dia de trabalho para ficar aqui?, comentou o contador Ivo Murbach, que estava na fila com outros seis familiares.

O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef/PR), Sílvio Jardim, explica que a categoria decidiu entrar em estado de greve porque o governo federal não respeitou o acordo de recomposição salarial feito no ano passado. O reajuste, que variou entre 30% e 60% conforme o cargo, seria pago em duas parcelas. A primeira foi honrada, mas o mesmo não aconteceu com a segunda, que deveria ter sido paga no início deste ano.

De acordo com Jardim, a situação é ainda mais crítica porque o Ministério da Justiça atrelou a segunda parcela do reajuste como parte da reestruturação da carreira da categoria, prevista no anteprojeto da lei orgânica, elaborada pelo próprio ministério. ?Uma coisa é o nosso reajuste e a outra é o anteprojeto. Se ele não for aprovado, a segunda parcela do reajuste vai ficar comprometida. Não queremos mais nada a não ser aquilo que foi acordado?, explica.

Os policiais federais também não concordam com os itens propostos no anteprojeto. Entre eles está a extinção dos cargos de escrivão e papiloscopista. ?O Ministério da Justiça fez o anteprojeto sem nos consultar. Não opinamos em absolutamente nada. Existem pontos contrários aos anseios de toda a categoria. Queremos discutir o anteprojeto separadamente, ouvindo os funcionários de cada cargo da Polícia Federal. Merecemos respeito. A reestruturação é necessária e sugestões não faltam?, afirma Jardim.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, (Sindpol-DF), Luís Cláudio Avelar, a aprovação do texto resultaria na exoneração dos escrivães e papiloscopistas admitidos por concurso, que ainda estão no estágio probatório de três anos. Atualmente, cerca de 2 mil pessoas estão nessa condição. Segundo o presidente do Sindipol-DF, a mudança proposta deve prejudicar a agilidade das investigações. Os agentes exerceriam a função dos cargos extintos, sem serem especialistas, o que pode acarretar demora.

O ato público aconteceu em todas as unidades da Polícia Federal no Paraná. A categoria vai conversar com o governo federal e, dependendo do andamento das negociações, pode entrar em greve. Os policiais federais querem que o governo negocie com eles as reivindicações até julho, para que a segurança dos Jogos Pan-Americanos não seja prejudicada com uma paralisação.

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