Aficionados festejam hoje o “Dia do Truco”

Hoje é o Dia do Truco, uma prática democrática, que atrai gente dos 18 aos 80 anos, sem importar a forma física. No Paraná, ele até tem uma academia, hino e bandeira. A irreverência e a alegria são os acessórios sempre presentes em qualquer rodinha de truco. Mais que um jogo, é considerado um encontro de amigos.

Um dos fundadores da Academia Paranaense de Truco, o publicitário Ernâni Buchmann, conta que os amigos jogavam de modo informal. Então resolveram organizar a prática, criando regras e estatuto. Em 1986, surgiu a academia, mas só em 1990 foi registrada. Desde então começaram a ser realizados torneios entre os acadêmicos com direito a título de mestre e grão-mestre. Mas entrar para o seleto grupo não é para qualquer um. Para conseguir uma das cem vagas, só com a desistência de algum membro.

Ernâni conta que há diversas variantes do truco no País, como a portuguesa, espanhola e italiana. A praticada no Paraná e a de origem italiana. O publicitário conta que há sinais de que o jogo já era praticado no Brasil em 1700.

O atual campeão da academia é Marcos Costa. Desde 1986 ele acumula 340 pontos. “Aprendi a jogar com a minha mãe”, afirma. Outro apaixonado pelo esporte é Michele Giugliano, segundo ele a melhor parte é a confraternização com os amigos. “Em roda de truco sai tanta conversa e piada para se distrair”, comenta.

Barcímio Sicupira é outro do grupo. Para ele os encontros são como uma terapia, uma vez por semana pratica o esporte. Ele aprendeu a arte com os pais e desenvolveu o hábito quando era jogador do Atlético. Diz que o jogo de sinais entre os companheiros, a experiência e a malandragem são importantes, mas não são tudo. “Tem que ter carta boa”, fala. Tanto é verdade, que Sicupira perdeu uma partida olhando descaradamente as cartas do adversário. Detalhe. O adversário era deficiente visual. “As cartas eram em braille. Eu levantava para olhar as cartas dele e não entendia nada”, diz.

Sicupira diz ainda que o esporte atrai muita gente porque descontrai, lembra que cada vez mais os jovens, inclusive as mulheres praticam o jogo.

A irreverência dos encontros já pode ser sentida quando o hino é tocado. Ele começa com alguém declamando uma poesia em estilo gregoriano. “Neste momento solene de tradição, muitas cabeças pensantes em reunião, vão decidir o futuro da nação”. Aí, alguém grita “truco!” e a melodia da música passa para um vaneirão, cuja letra fala de situações que ocorrem durante o jogo.

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