Adiado depoimento de sócio da loteria Totobola

Foi transferido para amanhã o depoimento do proprietário do sistema de loteria Totobola, Mário Alberto Charles. Ele deveria ter prestado depoimento ontem, no Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), em Curitiba, mas não compareceu sob a alegação de que estava no Estado do Rio Grande do Sul e teria dificuldades de locomoção.

Desde que as máquinas de Totobola foram lacradas no Paraná, no último dia 19, cinco pessoas já foram ouvidas sobre o caso. Outras seis, entre ela Mário Alberto, devem prestar depoimento nas próximas semanas. “A intenção é ouvir todos os envolvidos com o sistema, desde a gráfica que fazia a impressão das cartelas do Totobola até quem realizava os sorteios”, diz o delegado Sérgio Cirino, responsável pelas investigações.

Para Sérgio, a falta de transparência do sistema Totobola, que leva à ludibriação do consumidor, é considerada nítida. Há suspeitas de que os sorteios não fossem públicos, pois eram gravados em um estúdio de TV; de que era possível comprar cartelas depois de o sorteio já ter sido realizado; de que não havia controle do número de cartelas colocadas à venda; de que propositalmente os responsáveis pelo sistema faziam o prêmio acumular, para depois venderem um número cada vez maior de cartelas; e de que as bolinhas possuíam um código de barras, permitindo assim que o número sorteado pudesse ser previamente escolhido.

“Estão sendo investigados crimes contra a ordem tributária, contra a administração pública, contra a economia popular e sonegação fiscal”, explica o delegado. “Estamos aguardando decisão judicial para busca e apreensão das máquinas e do sistema de software utilizado pelo Totobola. Um perito do Instituto de Criminalística e dois técnicos em informática já estão trabalhando no caso.”

O Totobola foi criado em 1997, mas começou a funcionar no Paraná há um ano e meio. O último sorteio foi realizado no mesmo dia em que as máquinas foram lacradas, sendo que 292.734 cartelas foram vendidas. Em 2003, o Totobola comunicou à Celepar, órgão estadual que dá concessão para sistemas de loteria e é responsável pela fiscalização, prejuízo de R$ 1,1 milhão e receita total de cerca de R$ 8,8 milhões. Quarenta por cento do valor total arrecadado pelo Totobola com a venda de cartelas era destinado a premiações.

Voltar ao topo