Estrada perigosa

Trecho da rodovia onde dois morreram carbonizados já fez 30 vítimas fatais neste ano

Último acidente no trecho aconteceu na última quarta-feira (20), quando duas pessoas morreram carbonizadas e outras duas ficaram feridas. Foto: Gerson Klaina

Trinta pessoas morreram em acidentes em 2017 no trecho entre Curitiba e Ponta Grossa, contra 13 em todo o ano passado. Por volta das 21h30 da última quarta-feira (20), um engavetamento envolvendo um caminhão e cinco carros bloqueou totalmente o trânsito na BR-277, no sentido Curitiba-Campo Largo, em um trecho de obras, no Km 101, no bairro Orleans. Duas pessoas morreram carbonizadas e outras duas ficaram levemente feridas. A carreta levava 30 toneladas de fertilizantes na momento do acidente e o veículo foi levado ao pátio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em São Luis do Purunã.

Segundo a PRF, o trecho das BRs 277 e 376, que liga a capital aos Campos Gerais, no interior do Estado, teve 286 acidentes registrados somente do começo de janeiro deste ano até esta quinta-feira (21), com 225 feridos. Em 2016 inteiro, foram 471 acidentes, com 13 mortes e 304 feridos.

Além do acidente desta semana, a Tribuna do Paraná noticiou dois graves acidentes nas rodovias que conectam Curitiba a Ponta Grossa. No dia 25 de maio, um engavetamento gravíssimo no Km 124, em Balsa Nova, deixou seis mortos e três feridos. De acordo com a PRF, o motorista do caminhão que causou o acidente alegou ter ficado sem freio. Em junho, quatro pessoas morreram e quatro ficaram feridas em acidente no quilômetro 137,8 da BR-277, também em Balsa Nova. O caminhoneiro teria perdido o controle do veículo e causou um engavetamento.

Sinalização

A região do Km 101, onde foi registrado o acidente desta quarta-feira, está em obras desde março desse ano, mas a reforma só acontece na parte da noite. Em depoimento à polícia, o motorista do caminhão que causou o acidente alegou falta de sinalização e, por oferecer socorro, foi liberado em seguida.

De acordo com o delegado Vinicius Augustus de Carvalho, da Delegacia de Delitos de Trânsito, não houve prisão em flagrante, já que ele ficou no local. “Ele alega que tentou frear quando viu o trecho de obras, mas não conseguiu. Agora uma perícia será feita para apurar as causas reais. Nossa equipe foi até o local para conversar com moradores. Depois disso vamos saber se ele responde por homicídio doloso ou culposo. Até a concessionária pode ser envolvida nesse fato”, informou.

Alguns moradores da região também relataram à Tribuna falta de sinalização e imprudência dos motoristas. De acordo com a concessionária CCR Rodonorte, responsável pelo trecho, a sinalização estava feita de forma correta. “Todos os procedimentos de operação do tráfego e sinalização, em todas as rodovias cuidadas pela CCR RodoNorte, estão de acordo com o Código Nacional de Trânsito e com o que preconiza o contrato de concessão”, enfatizou a concessionária, em nota.

Regras?

Segundo a PRF e a Dedetran, não existe uma regra em relação à sinalização de obras em rodovias, mas há uma normativa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) que pede que a sinalização seja clara e bastante visível. Conforme o chefe da Divisão Metropolitana, Antônio Figueiredo, recentemente a PRF pediu que haja auxílio de um luminoso nas obras em trechos de serras e outros que apresentem risco. Na região do acidente, segundo o inspetor, no km 101, havia esse recurso, e a sinalização estava correta. “A PRF passou a pedir luminosos quando acha necessário. Ali na região havia luminoso, e a polícia constatou uma boa sinalização quando foi checar o acidente. A perícia agora deve ser feita e aí sim podemos ter um resultado”, explicou.

De acordo com Jorge Tiago Bastos, professor do departamento de trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), há um manual brasileiro de sinalização e nele há orientações em relação a obras como, por exemplo a posição de placas, cones e luminosos. Além disso, Bastos diz que não há um manual especifico para “obras” no site do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). “Veículos leves e, principalmente, o pesados devem ter manutenção preventiva. Você pode evitar um risco pra você e pra outras pessoas que estão na via. Um caminhão com más condições apresenta risco para todos, por conta da massa e velocidade”, comentou.