Ação de vândalos deixa população sem telefones

A falta de telefones públicos em boas condições de uso é um problema que continua afetando a população de Curitiba e região metropolitana. Em diversos pontos da capital e de municípios vizinhos, devido à ação de vândalos, é comum encontrar aparelhos pichados, com falta de peças, fios e cabos cortados, quando não são totalmente retirados.

Ontem, por exemplo, na esquina da Avenida Cândido de Abreu com a Rua Comendador Fontana, no Centro Cívico, em Curitiba, dois orelhões estavam depredados. Um deles teve o aparelho totalmente retirado. No outro, o fone foi arrancado.

O dono de uma banca de revistas localizada ao lado, Laércio Skaraboto, conta que a depredação também tem prejudicado o seu comércio. Desde que os aparelhos foram destruídos, nos primeiros dias deste mês, a venda de cartões telefônicos caiu cerca de 30%. Também na capital, na Rua da Trindade, no bairro do Cajuru (zona leste), dezenas de aparelhos estão com defeito. Um deles está localizado em frente à loja de produtos elétricos e hidráulicos Trindade, que pertence à comerciante Silvana de Lima. Ela conta que o aparelho, assim como outros da região, foi depredado há um mês. “Ninguém viu quem foi o responsável pelo estrago. Na minha opinião, o crime foi cometido à noite por adolescentes que saem bêbados de bares e festinhas”, diz.

Desde que o aparelho deixou de funcionar, muitas pessoas têm entrado no estabelecimento de Silvana e pedido para usar o telefone particular do local. “A destruição dos equipamentos públicos prejudica a todos”, reclama.

Em Pinhais, na Avenida Jacob Macanhan, quatro telefones públicos depredados foram encontrados em uma única quadra. Segundo o proprietário da academia de artes marciais Alta Força, Cícero de Paula, em função da ação dos vândalos muita gente está ficando sem comunicação. “É um absurdo o que fizeram”, protesta. “Deveria haver uma punição rigorosa para quem faz esse tipo de coisa. Não basta ser presa, a pessoa deve sentir no bolso as conseqüências de seus atos.”

Brasil Telecom

De acordo com a Brasil Telecom, o vandalismo tem aumentado nos últimos tempos. Em outubro do ano passado, foram registrados 1.639 casos. Em dezembro, o número subiu para 2.392. Os itens leitora de cartões, monofone e teclado respondem por 90% dos casos. A empresa informou que cada conserto custa, em média, R$ 50,00.

Quem detectar danos em orelhões pode solicitar conserto pelo número 0800-641-4104.

Vereador denuncia sumiço de aparelhos

Os telefones públicos estão desaparecendo na Grande Curitiba. Conforme o vereador Luiz Piva (PT), de Almirante Tamandaré, os aparelhos “andam sumindo”, ficando apenas as estruturas de fibra de vidro. O vereador, que ontem protocolou reclamação no Procon em Curitiba, contou que começou a notar o problema em seu município, mas depois verificou que os aparelhos estão sumindo em toda a região.

Piva disse que pessoas ligadas a ele já viram funcionários de empresas que prestam serviço terceirizado para a Brasil Telecom retirando os telefones. “Em alguns casos nota-se que ficou algum fio, como se tivesse acontecido um roubo”, contou o vereador, destacando que a falta de telefones públicos é muito preocupante, pois atinge a camada mais carente da população, que não possui telefone em casa.

O vereador contou que já tentou reclamar diretamente à Brasil Telecom e à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas sem sucesso. “Verifiquei todos os orelhões na Avenida Anita Garibaldi, entre o Ahu, em Curitiba, e a Cachoeira, em Tamandaré, apenas três quartos dos telefones estão funcionando normalmente”, destacou Piva.

O coordenador estadual do Procon, Algaci Túlio, afirmou que faria contato imediato com a Brasil Telecom. “Vou aproveitar a oportunidade para questionar o fato de as centrais telefônicas ficarem na rua. Elas deveriam estar em locais mais seguros e que não atrapalhassem”, disse Túlio.

A telefonia fixa continua liderando o número de atendimentos no Procon. Somente nos treze primeiros dias do ano foram 190 atendimentos.

Brasil Telecom

A assessoria de comunicação da Brasil Telecom informou que os telefones só são retirados do lugar para reparos em laboratório. Dados de dezembro de 2002 apontam que na área de concessão da empresa no Paraná existem 66.244 telefones públicos. A densidade média no Estado é de 7,05 telefones públicos para cada mil habitantes. (Lawrence Manoel)

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