O preço da velocidade

4G é realidade em Curitiba, mas preço ainda é muito alto

Prometendo velocidades entre 10 e 20 vezes superiores ao 3G, a tecnologia de quarta geração da telefonia móvel já está disponível em Curitiba desde 4 de fevereiro pela Claro, que, desde a última sexta-feira enfrenta a concorrência da Vivo. Com cobertura parcial, as duas operadoras anteciparam a data estabelecida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que determina a implantação da conexão nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 até 31 de dezembro de 2013. Oi e TIM informaram à Tribuna que pretendem seguir o cronograma. Segundo a Anatel, até abril a capital paranaense contava com 1.524 usuários de 4G.

Para o consultor em tecnologia Eduardo Guy de Manuel, a adesão à nova tecnologia, que permite acesso e envio muito rápido de arquivos, esbarra em uma série de fatores: “a variedade de modelos de aparelhos disponíveis não é muito grande, os preços são pesados e o limite da quantidade de dados que você pode mandar é outro problema”. Ele cita que um plano padrão com franquia de 5GB, por exemplo, equivale ao conteúdo que pode ser armazenado em um DVD, como um filme de duas horas. “Muitos clientes se entusiasmaram inicialmente com a possibilidade de passar muito vídeo, áudio e fotos, que é a essência do 4G, mas logo ficaram frustrados, pois em poucos dias esgotaram a franquia”, aponta.

O especialista ressalta que a rede não está devidamente implantada e é preciso instalar muito mais antenas. “As operadoras estão compartilhando rede e em algumas regiões da cidade não têm cobertura”, alerta. “Como qualquer nova tecnologia, quando lançada, é cara. Mas é aproveitada por quem tem muita necessidade de tráfego de dados e por aqueles que gostam de novidades e pagam qualquer preço”, constata, ressaltando que a rede 4G ainda apresenta falhas, fica instável e às vezes com sinal indisponível.

Vedete de Natal

Aliocha Mauricui
Operadoras precisam instalar mais antenas para ampliar rede.

Mas Manuel acredita que a cobertura da quarta geração vai progressivamente aumentar, a exemplo do que aconteceu com o 3G. “Como presente de Natal, com certeza será o grande chamariz, pois terá no mínimo mais uma operadora com 4G em Curitiba. Aí vai começar a concorrência para conseguir market share (participação de mercado)”, espera. Com o aumento do número de consumidores, a tendência é de diminuição dos valores cobrados. Por isso, o consultor sugere cautela ao pensar em migrar para a nova tecnologia. “Mudar só por mudar é prematuro, mas para quem precisa mudar de aparelho, plano ou operadora e necessita usar muitos arquivos pesados é melhor ter pelo menos um aparelho compatível com a tecnologia 4G para não ter que trocar daqui a um ano”, recomenda.

Foco é cliente pós de maior valor

Segundo o diretor geral da Telefônica Vivo, Paulo César Teixeira, o lançamento do 4G foi antecipado em seis meses em função da importância do mercado curitibano. É a nona capital entre os 17 municípios brasileiros a contar com a quarta geração da empresa. Por enquanto, a novidade está disponível apenas em 30 bairros, que segundo a operadora, representam 50% de cobertura na capital. Os locais atendidos pela tecnologia podem ser consultados no site www.vivo.com.br. Nos testes, a conexão alcançou em torno de 10MB. Onde a nova tecnologia não pegar, o usuário irá navegar pelo 3G Plus, cuja velocidade é o triplo do 3G.

A Vivo vende nove dispositivos compatíveis com 4G. Para smartphones, os planos oferecem franquias de 2 a 6, GB, além de ligações ilimitadas para Vivo e SMS para qualquer operadora a partir de R$ 149. Para tablets e notebooks, os planos vão de 5 a 20GB, a partir de R$ 99. É o mesmo valor do box, aparelho para conexão em casa, com franquias de 10 a 40GB.

Alessandro Guerra/Divulgação

Questionado pela Tribuna sobre a possibilidade de utilização do 4G em aparelhos pré-pagos, o diretor executivo de mercado individual nacional, Christian Gebara, respondeu que “nada impede”, mas salientou que a oferta é limitada a 200MB mensais, que seriam rapidamente consumidos. O diretor geral da Vivo não esconde que o perfil do cliente buscado com o 4G é “obrigatoriamente pós-pago de maior valor, que quer velocidade e mobilidade”.

O investimento específico para implantar o 4G em Curitiba não foi divulgado. Em todo o País, o aporte soma R$ 5,7 bilhões. ‘Fizemos uma rede suficientemente robusta para acompanhar o crescimento do tráfego, mas vamos continuar investindo, inclusive no 3G‘, declarou Teixeira. ‘Com a somatória do 4G e os novos planos de dados e voz, esperamos crescimento de 35% no número de adesões no Paraná‘, revela Jackson Rodrigues, diretor territorial para Paraná e Santa Catarina.

Aparelho grátis em plano de R$ 243

Pioneira na oferta de 4G em Curitiba, a Claro já vendeu mais de 20 mil aparelhos com a nova tecnologia em 12 cidades brasileiras, entre smartphones, tablets e modems. Para tablet ou computador, o modem varia de R$ 99 a R$ 199 e os planos promocionais, de 5 a 20GB mensais, vão de R$ 95,92 a R$ 159,90. Para smartphones, o plano com 100 minutos de ligações locais para fixo e celular de outras operadoras, ligações ilimitadas para Claro, torpedos ilimitados para qualquer operadora e 5GB de dados sai por R$ 207,10. A operadora comercializa 13 modelos de aparelhos compatíveis com o 4G. O Nokia Lumia 920, por exemplo, sai grátis no plano Ilimitado 200 4G, que custa R$ 243,70 mensais. Já o único tablet do portfólio, o Samsung Galaxy Note 10.1, fica por R$ 2.099 nos planos ilimitado 4G da Claro.

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