Apressadinhos

42,6% dos motoristas excedem a velocidade, diz Setran

Uma pesquisa realizada durante todo o mês de agosto pela Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) constatou que muitos motoristas que trafegam pelas ruas da cidade têm excedido os limites de velocidade. Do total de veículos pesquisados, 42,6% ultrapassaram a velocidade permitida na via. Entre os diferentes grupos de veículos (automóveis, motocicletas, ônibus, caminhões e especiais), o que possui o maior percentual de infratores é o de motocicletas. Depois aparecem os automóveis e, por último, os ônibus.

O levantamento foi realizado em condições de pista seca e molhada, com um equipamento medidor de velocidade e distância fornecido pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), por meio do projeto Vida no Trânsito. Foram escolhidos para a pesquisa pontos que são objeto de denúncias de excesso de velocidade, feitas pela população por meio do serviço 156; vias que registraram mortes no trânsito, identificadas pelo projeto Vida no Trânsito; a Via Calma da Avenida Sete de Setembro; e a faixa exclusiva da Rua XV de Novembro.

Além da Via Calma e da faixa exclusiva, a pesquisa foi realizada em sete outras ruas e avenidas: Rua Marechal Otávio Saldanha Mazza (Capão Raso), Rua Francisco Ratani (Capão Raso), Rua Canadá (Bacacheri), Rua Maria Lúcia Locher de Athayde (CIC), Rua Jovino do Rosário (Boa Vista), Rua Frederico Maurer (Hauer) e Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres). O limite de velocidade nessas ruas varia entre 40 km/h, 60 km/h e 70 km/h.

Os dados da pesquisa foram separados por grupos de veículos: automóveis, motocicletas, caminhões, ônibus e veículos especiais (remoção, segurança, pública, ambulâncias, etc).

Em todas as vias, o grupo com o maior número de infratores é o de motocicletas. Nas vias comuns (arteriais e coletoras), das 168 motocicletas pesquisadas, 104 (61,9%) excederam o limite de velocidade permitido na via: 54 excederam a velocidade em até 20%; 43 entre 20% e 50%; e 7 acima de 50%.

Dos 982 automóveis pesquisados, 447 (45,5% do total) cometeram infrações: 267 excederam o limite de velocidade permitido na via em até 20%; 143 ficaram entre 20% e 50% acima da velocidade; e 37 acima de 50%.

Ainda nas vias comuns, entre os caminhões, dos 91 pesquisados, 11 (12%) cometeram infrações: 9 excederam a velocidade em até 20% e 2 entre 20% e 50%. Entre os ônibus, dos 31 pesquisados, 2 (6,4%) excederam a velocidade entre 20% e 50%. Os dois veículos especiais (remoção, segurança, pública, ambulâncias, etc.) pesquisados excederam a velocidade em até 20%.

Via Calma

Na Via Calma, que tem velocidade máxima de 30 km/h, a pesquisa foi realizada antes da implantação oficial, que aconteceu em 21 de agosto. Dos 130 automóveis pesquisados, 52 (40%) cometeram infrações: 33 excederam a velocidade em até 20%, 14 entre 20% e 50% e 5 acima de 50%. Das quatro motos pesquisadas, 3 (75%) foram infratoras:  uma em até 20% e duasentre 20% e 50%. Dos 39 ônibus pesquisados, apenas um excedeu a velocidade em até 20%. Dos dois veículos especiais pesquisados, um excedeu a velocidade em até 20% e outro excedeu entre 20% e 50%.

Faixa exclusiva

Na faixa exclusiva de ônibus da Rua XV de Novembro, com velocidade máxima de 50 km/h, dos 30 ônibus pesquisados, quatro (13,3%) cometeram infrações: três excederam a velocidade em até 20% da velocidade e um entre 20% e 50%. Os dois veículos especiais pesquisados excederam a velocidade entre 20% e 50%.

Cultura

“A pesquisa apenas constatou o que já verificávamos em Curitiba: muitos condutores excedem a velocidade permitida em diversos pontos da cidade”, afirma Cassiano Novo, diretor da Escola Pública de Trânsito da Setran, que comandou a pesquisa. Para ele, a cultura da velocidade já está internalizada na população em geral.  

“Precisamos mudar esse hábito, pois a violência no trânsito se tornou uma questão de saúde pública, provocando a ocupação de muitos leitos de UTI, trazendo custos elevadíssimos e con,sequências desastrosas para as famílias que se envolvem em colisões de trânsito. Um minuto ou uma hora de ganho de tempo no trânsito não valem uma vida. O risco assumido é desproporcional”, destaca.

Radares

Como medida para coibir as infrações, a partir da segunda quinzena de outubro a Setran começará a utilizar radares estáticos na fiscalização de velocidade de veículos nas ruas da cidade. Os equipamentos já estão sendo usados em operações de fiscalização na Via Calma da Avenida Sete de Setembro e na faixa exclusiva da Rua XV de Novembro.

“A fiscalização da velocidade nas ruas é atribuição da Setran e é muito solicitada pela população curitibana. Porém, há aqueles que não obedecem e nem se sujeitam às normas de trânsito, colocando em risco todas as pessoas na cidade. Precisamos urgentemente mudar este quadro para evitar mortes e os acidentes no trânsito de Curitiba”, afirma a secretária municipal de Trânsito, Luiza Simonelli.

A Setran realizará com novas pesquisas de velocidade no trânsito nas ruas de Curitiba até o final de 2014 e reforçará as campanhas educativas relacionadas aos limites de velocidade na cidade.

Fator contributivo

Segundo dados do projeto Vida no Trânsito, em 2013 a velocidade foi fator contributivo em 25,3% dos acidentes fatais analisados na capital paranaense – principalmente naqueles que envolveram automóveis e motocicletas. A velocidade e o uso do álcool são os principais fatores de risco identificados pelo projeto. As infrações de velocidade são as mais cometidas no trânsito em Curitiba – 308.019 mil em 2012, 305.174 mil em 2013 e 151.144 mil até julho de 2014.

O artigo 218 do Código de Trânsito Brasileiro, após alterações da Lei nº 11.334/2006, define as seguintes penalidades para excesso de velocidade na via: quando a velocidade for superior à máxima permitida em até 20% – infração média, com perda de 4 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e R$ 85,12 de multa; quando a velocidade for superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% – infração grave, com perda de 5 pontos na CNH e R$ 127,69 de multa; quando a velocidade for superior à máxima em mais de 50% – infração gravíssima, com perda de 7 pontos na carteira, R$ 574,61 de multa, suspensão imediata do direito de dirigir e apreensão do documento de habilitação.