143 horas de uma rebelião histórica

SELO300706.jpgA sigla PCC (Primeiro Comando da Capital), tão conhecida atualmente devido aos recentes ataques em São Paulo e outras cidades do País, está há anos na memória dos repórteres de O Estado do Paraná.

?Foi uma semana de muita tensão?, assim a jornalista Viviane Ongaro definiu o período entre 6 e 12 de junho de 2001, quando teve de cobrir a rebelião na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, comandada por ?Geléia?, o líder da facção criminosa na época. Vivane conta que foi à Piraquara, no dia 6, para cobrir ?mais uma rebelião?, mas com o passar dos dias, sem que nenhum desfecho e nenhuma informação do que acontecia dentro da PCE, ela percebeu que aquele motim era muito mais grave que todos os outros já ocorridos no estado. ?Quando a polícia pediu para ver se os reféns estavam vivos e os presos não quiseram mostrar, pôde-se perceber que a situação era crítica, que algo muito grave acontecia lá dentro?, disse.

143 horas após o início da rebelião, que deixou um agente penitenciário e três presos mortos, a polícia controlou o motim, após a justiça autorizar a transferência de 23 detentos.

?Para minha sorte, quando eles autorizaram a entrada de repórteres no presídio não era mais meu horário de trabalho. Quem entrou foi o Anselmo Meyer (repórter que cobriu a rebelião à tarde) e o fotógrafo (Walter Alves). Eles que viram os corpos decapitados guardados dentro do freezer da penitenciária?, lembrou Viviane.

Hoje pauteira de O Estado, Viviane conta que aquele foi seu trabalho mais intenso, mais difícil e mais temeroso na redação do jornal, mas que a fez refletir bastante. ?Aprendi muito com aquela rebelião. Vendo o sofrimento dos familiares dos reféns, dos parentes dos presos e dos próprios detentos, mudei muito minha visão sobre direitos humanos. Aprendi a considerar os dois lados de qualquer situação?, disse.

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