10 mil livros esperam restauração na BPP

Os cães são os maiores inimigos dos livros da Biblioteca Pública do Paraná (BPP). Os proprietários se descuidam e eles acabam atacando as obras, provavelmente pensando que se trata de um brinquedo. Outros livros chegam à biblioteca molhados, riscados e com folhas faltando. Segundo a chefe da divisão de obras gerais, Suzuko Takemiya, alguns usuários deveriam ter mais cuidado com o material de empréstimo. Existe até uma sala especial onde estão 10 mil livros à espera de restauração.

Segundo a chefe do setor de restauração, Mariza Rita Becker, é muito comum os livros serem danificados por cachorros. Alguns chegam a estraçalhar as obras, que acabam sem conserto. Outros problemas freqüentes são os acidentes com café e manuseio das obras com a mão cheia de gordura. Há também situações curiosas. Alguns livros são tirados de circulação porque voltam com cheiros estranhos. Nesses casos nem a restauração dá conta. Sem contar os usuários que arrancam as folhas e recortam as figuras. Mas também há aqueles que precisam de cuidados devido ao desgaste natural do tempo.

O volume de obras que vai para restauração é bem superior ao que retorna para o uso. Só no mês de outubro a divisão de obras gerais, responsável pelos livros de empréstimo, mandou 651 exemplares. No entanto, Mariza explica que a média mensal de volumes restaurados pelos nove funcionários é de 350 livros. A diferença fica guardada em uma sala que já está repleta.

Na sala de restauração os livros são desmanchados e é feita uma nova costura. Depois é colocada a folha de guarda (que segura o corpo do livro) e por último a capa. Quando ela não está em boas condições, é substituída por outra.

Suzuko comenta que a falta de responsabilidade de algumas pessoas acaba trazendo transtornos para muita gente. Algumas obras são únicas e caras, e mesmo sem algumas folhas ou com figuras recortadas, precisam voltar para o uso. Na capa é colocado um aviso sobre o problema. Outras estão em estado tão ruim que, mesmo sendo valiosas, não voltam para o manuseio, mas também não são jogadas fora. Provavelmente só serão substituídas se houver alguma doação.

Furtos

Mas a falta de cuidados é apenas um dos problemas da biblioteca. Nas duas últimas semanas, quatro obras foram furtadas. As pessoas tiram a capa e levam apenas o miolo. A última foi Rapina, de Ivan Santana. Até um livro de gramática e o clássico Moby Dick entraram na lista. “O livro precisa retornar porque é da comunidade”, comenta Suzuko.

Hoje a biblioteca conta com 427.527 volumes e 164.594 títulos. Estão inscritos 278.528 usuários, mas apenas 80 mil usam o serviço com freqüência. Por mês são emprestados cerca de 36 mil obras.

Voltar ao topo