Paraná quer certificação da interrupção da transmissão da doença de Chagas

A Secretaria de Estado da Saúde propôs a certificação da interrupção da transmissão da doença de Chagas no Paraná para a Comissão Intergovernamental da Incosul ? iniciativa do Cone Sul, durante encontro com os integrantes da comissão nesta segunda-feira (19), no auditório da secretaria. A coordenação dos trabalhos apresentou os resultados das atividades do Programa de Eliminação do Triatoma infestans nos últimos quatro anos. A iniciativa do pedido da certificação teve início em 20003.

De acordo com o diretor da Vigilância em Saúde e Pesquisa, Luiz Armando Erthal, há mais de 10 anos o vetor não é encontrado no Paraná. ?Os resultados das pesquisas entomológicas revelam que a transmissão endêmica da doença foi interrompida?, explica Erthal.

Para pedir a certificação foi necessário um agrupamento e análise de dados para se comprovar o controle. A homologação deverá ocorrer em março, durante reunião da Organização Pan Americana de Saúde. Um dos representantes da entidade presentes na reunião, Roberto Salvatella, do Uruguai, elogiou a atuação do Paraná. ?O Estado cumpriu seu trabalho. Parabéns para você?, disse. A comitiva seguirá nesta terça-feira (20) para o interior do Estado.

O representante do ministro da Saúde no encontro, Eduardo Hage, lembrou que o Paraná será o penúltimo Estado a conseguir o certificado. ?Depois faltará apenas a Bahia para que o Brasil receba o reconhecimento internacional. É um momento histórico?, analisou.

Hage disse que este é um ciclo que termina e outro que se inicia, com novas estratégias de controle. ?É uma das formas de transmissão que está sob controle, mas ainda existem outras?, lembrou. E lembrou os casos via oral que aconteceram em Santa Catarina, pelo caldo de cana.

?Para conhecer Chagas, tem que ler Carlos Chagas. Não para aprender história, mas para conhecer mesmo. É incrível, continua atual?, avalia o professor da Universidade Federal de Uberaba, Aloisio Prata, um dos papas da doença de Chagas, que ministrou palestra durante o evento. Prata foi da descoberta da doença até os últimos avanços. ?É uma doença que precisa de atenção. Tem pouca visibilidade?, disse.

O professor ainda falou de um novo inquérito realizado no País em 40% dos municípios com crianças de 0 a 5 anos. Segundo ele, exames preliminares mostram poucos casos. Foram apenas seis possíveis casos detectados em mais de 100 mil análises já realizadas. Cinco destes casos estão no nordeste e um no Mato Grosso do Sul.

Já o coordenador do Centro de Saúde Ambiental do Paraná, Natal Camargo, destacou que a doença de Chagas deverá se juntar agora a muitas outras que já estão sob controle, como o sarampo e a poliomielite. Em seguida, lançou um desafio: ?Quem sabe em 2007 o Paraná não seja o primeiro Estado da América Latina a eliminar o Triatoma Infestans??, questionou. Camargo disse que espera que o Estado consiga esta certificação em 2007.

Novos passos

O Paraná também está com os Postos de Informação de Traiatomíneos (PIT) para auxiliar no controle e vigilância do barbeiro, inseto que transmite a doença. Sempre que a população encontrar algum animal e suspeitar que possa ser o transmissor, deverá encaminhar o inseto até um PIT. ?Anteriormente nós fazíamos este trabalho de vigilância, indo de casa em casa. Agora, nesta nova etapa, vamos precisar do auxílio da população?, destaca Erthal. Para saber onde está localizado o PIT mais próximo de sua residência, basta telefonar para a secretaria de saúde do município.

Iniciativa

Em 1991, em uma iniciativa inédita dos ministros da Saúde, em um esforço conjunto dos seis países do Cone Sul foi assinado o Programa de Eliminação do Triatoma infestans (PETI), acordo internacional que tinha como objetivo eliminar o vetor do continente.

Os municípios paranaenses envolvidos no programa são Cândido de Abreu, Faxinal, Francisco Alves, Missal, Ortigueira, Santana do Itararé, São Jerônimo da Serra e Cruz Maltina.

Em 2000, após a descentralização da Funasa, a Secretaria da Saúde assumiu o compromisso da erradicação. A partir daí, a secretaria repassou aos municípios os recursos necessários para a implementação das atividades de vigilância e controle da doença.

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