Paraguaios querem saída de cônsul brasileiro em Foz

O governo do Paraguai deverá pedir a retirada do cônsul brasileiro em Foz do Iguaçu, Fernando Antonio Cruz de Mello, que na sexta-feira, em telefonema ao prefeito de Ciudad del Leste, Javier Zacarías Irún, teria acusado o Paraguai de incentivar o contrabando e a pirataria e ameaçado baixar de US$ 300 para US$ 150 a cota individual de compras naquele país.

O pedido de remoção está sendo analisado pela chanceler Leila Rachid e foi feito por Zacarias. Uma fonte da chancelaria paraguaia disse que a ministra deverá se pronunciar amanhã sobre o pedido e que a "tendência" é acatá-lo. Cruz de Mello poderá se livrar da remoção, mas dificilmente escapará de uma punição: o vereador Nelson Aguinagalde propôs que lhe seja concedido o título de "persona non grata".

Zacarias afirma que o cônsul é uma "decepção e um prejuízo para uma relação (…) harmônica desta região (Alto Paraná, Estado cuja capital é Ciudad del Leste) muito trabalhadora devido ao desprezo que nos manifesta (…)". O prefeito afirma ainda que Cruz de Mello "amedronta e desconhece todos os avanços significativos proporcionados pelo grande esforço pelos governos municipal, estadual e nacional para a revitalização da cidade e na luta contra a pirataria, o narcotráfico e o contrabando", esforços que, segundo ele, se materializam em "apreensões, incinerar produtos malditos amplamente difundidos pela imprensa nacional e internacional".

O pedido de remoção do cônsul seria feito informalmente durante a reunião entre representantes dos governos paraguaio e brasileiro prevista para a tarde de hoje (21), no Itamaraty. A reunião foi solicitada pelos paraguaios para tentar encontrar uma solução para os conflitos que tiveram início há cerca de duas semanas na Ponte da Amizade por causa das apreensões da Receita Federal de táxis e vans paraguaios que transportavam mercadorias contrabandeadas.

O prefeito de Ciudad del Leste compôs a comissão, formada ainda pelo vice-chanceler Emilio Giménez Franco, o vice-ministro de Tributação, Andreas Neufeld, e a diretora nacional de Aduanas, Margarita Díaz de Vivar. O governo brasileiro cobraria também dos paraguaios o cumprimento do acordo de 1º.

De abril do ano passado que permitiu a retomada da cota de importação, que ficou durante alguns anos fixada em US$ 150. A Prefeitura de Ciudad del Leste contabilizou até o final da tarde de hoje que cerca de mil caminhões e 60 contêineres deixaram de cruzar a Ponte da Amizade desde que ela voltou a ser bloqueada, às 6h de segunda-feira. Na tentativa de cumprir o prazo de entrega de mercadorias, caminheiros dos dois países estão desviando por Guaira (PR) e Salto del Guairá.

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